25 de março de 2009

Vicky Cristina Barcelona

Há umas duas semanas fui ao cinema assistir a esse filme... Pensei: ''Uma comedinha-romântica despretensiosa'' humpf...

Num cenário deliciosamente charmoso, duas (lindas) mulheres vão passar as férias de verão em Barcelona, uma delas, Vicky (Rebecca Hall), é noiva de um carinha (completamente broxante), com uma ''vidinha'' daquelas bem medíocres, mas ela é feliz, ama o noivo, gosta do que faz, é uma grande estudiosa da identidade catalã. Cristina (Scarlett Johansson), é o que os mais radicais chamariam de ''menina-perdida-não-sabe-o-que-quer-da-vida-vagabunda-devassa-sem-juízo'' (rs). Mas vou dizer que eu gosto beeem mais da Cristina. Ela não tem medo do novo, se joga, não tem aquele ''freio inibidor social'' e não tem vergonha do que faz (ta bom, é meio porra-louquinha, mas ela é legal). Com o nosso (delicioso) Javier Barden no papel de Juan António, o galã-comedor-gostosão, se engraça pelas duas, mas tem um caso meio que inacabado com a sua ex-mulher um tanto violenta, María Elena (Penélope Cruz).

Enfim... Entre casos e casos durante o filme, me pergunto: SERÁ POSSÍVEL AMAR DUAS PESSOAS AO MESMO TEMPO? María Elena e Juan António têm uma ligação um tanto complicada, mas se amam. Porém, juntos, apenas os dois, a relação torna-se impossível e conturbada. Faz-se necessária a presença de uma terceira pessoa, que acaba sendo o ponto de equilíbrio entre eles. Acaba virando um triângulo (semi-quadrado) amoroso onde uma das pontas é responsável por manter as outras duas unidas. Acho um pouco egoísmo da parte do casal, mas é ''aceitável'' uma vez que a tal terceira ponta concorda e está feliz com a situação. Acabam se amando os três. São cenas bonitas. Onde eu consegui ver delicadeza na relação Cristina-María Elena, nada escrachado. E o triângulo encara aquilo como a forma mais natural do mundo de viver.

E a Vicky? Bom... a Vicky vai estudar, passear, e seu noivo vai para Barcelona passar uns diazinhos com ela. Ele é daquele cara que quer de tudo do bom e do melhor, mas é vazio por dentro. Vicky procura sim o conforto e a segurança que dá a ela aquele relacionamento, mas ela procura (muito mais) o sentimento de aventura, a adrenalina, a sensibilidade e a ''pegada'' que um homem pode ter (e esse homem poderia, muito bem, ser o noivo dela). Acaba procurando (e achando) em Juan António todos esses requisitos (também... pudera!), e se aventura num momento de loucura... Fica balançada... (agora chega senão conto o fim do filme!)
Entre seduções, conquistas e decepções se desenrola uma trama inteligentemente hilária, provida de muito requinte e imagens grandiosas, performances envolventes (Penélope Cruz está sensacional) e que evocam reflexões complexas ao sair do cinema (ainda estou digerindo muitas coisas em relação ao filme). Com o exemplo: questionarmos-nos se os valores que estabelecemos como primordiais para um matrimônio são realmente relevantes para atingirmos a felicidade, ou se ficamos tão bitolados com as interferências externas, impostas em suma pelas “regras” da sociedade em que estamos inseridos, a ponto de não enxergarmos nossa previsibilidade.

E a pergunta ainda paira no ar...
É POSSÍVEL?

Vicky Cristina Barcelona (Vicky Cristina Barcelona/Woody Allen/ Espanha-EUA/2008)

Por Letícia Aracil

Observações da Bruna:

Lelê Aracil é uma adorável jovem, namorada do primo (posso considerar prima, certo?), estudante de letras que de acordo com as minhas pequisas tem como disciplina favorita linguística.
Lê foi super solícita com o convite para escrivinhar no Cineopse e me enviou o texto em poucos minutos, aliás, ela já tinha publicado a resenha em seu blog o http://pramodeque.blogspot.com/ e se comprometeu em contribuir em breve com material inédito.

Espero que os leitores do Cineopse estejam gostando das participações mais que especias!

3 comentários:

Cineopse disse...

Filme ótimo, cheio de mensagens para serem discutidas com o pensamento.
A resenha descreve muito bem o que se passa nesse trio ou quarteto.

Leila Ferraz disse...

Lê obrigada!!!
Sua participação é mais que especial!!

Então, eu vi esse filme também e acho que a Penelope rouba a cena, ela é fantástica!

Ah, e o Javier... ai meu Deus... sem comentários!

beijos

Anônimo disse...

Meninas, amei o blog de vcs! Já está nos meus favoritos. Confesso que nem estava mto interessada em ver esse filme, mas depois da resenha estou bem curiosa! Bjos e mtas saudades!