29 de julho de 2012

Batman - O Cavaleiro das Trevas ressurge

Nêmesis: termo muito utilizado no cinema e nos quadrinhos que designa um ser totalmente oposto ao outro e ainda assim muito próximo. Se fosse para descrever todo o contexto de Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge (Batman – Dark Knight Rises), com uma única palavra, eu provavelmente escolheria essa. E eu vou explicar o porquê, mas sem entregar spoilers do filme, claro. Porém, fica aqui a recomendação de rever os dois primeiros, pois muitas pontas descascadas neles são amarradas agora.

Vamos à história. Gotham City está segura. Já faz oito anos que a morte do promotor Harvey Dent (Aaron Eckhart) serviu para que leis mais duras fossem criadas e limpou a corrupção do departamento de polícia. Logo, o Batman, por não ser mais necessário saiu de cena levando a culpa pela morte Dent. Assim como Bruce Wayne, mais uma vez vivido por Christian Bale que se tornou um eremita, nunca mais fez aparições públicas e vive recluso em sua mansão. E seu corpo pagou o preço dessa escolha. 

Tudo muda, todavia, com a chegada de Bane (Tom Hardy), um terrorista abrutalhado e inteligente, cuja origem cruza com o passado de Wayne e o fará vestir mais uma vez a capa e o capuz para proteger a cidade e aos seus amigos. No meio dessa loucura, ainda aparece Selina Kyle (Anne Hattaway), uma hábil ladra que oscila entre uma pedra no sapato de Bruce Wayne e uma aliada importante para o Batman – que não está no auge de sua forma física – na batalha para salvar Gotham.

A “Era Nolan”

Assim como nos dois primeiros filmes, o diretor Christopher Nolan (A Origem, O Grande Truque) nos brinda mais uma vez com uma cidade real vivendo situações irreais. Entretanto, totalmente verossímeis. Cada pequeno take apresentado nos dois primeiros filmes faz sentido neste último, como uma gigantesca colcha de retalhos que já estava pronta e foi desmanchada ao longo de 10 anos. A impressão não é outra senão a de que toda a trilogia já havia sido concluída na cabeça do diretor.

Da mesma forma que os elementos da trama se amarram, as atuações também são dignas de nota. Nolan conduz o elenco como uma orquestra em sincronia, onde nenhum instrumento está acima do outro fazendo com que todos sejam ouvidos. As tiradas de Lucius Fox (Morgan Freeman) não se sobrepõem a figura paternal do mordomo Alfred (Michael Caine), assim como a sensualidade de Selina Kyle não ofusca a frieza de Bane. Até mesmo a insossa Miranda Tate (feita pela oscarizada Marion Cotillard) mostra do que é capaz nos atos finais do filme.

Se o finado Heath Ledger roubou a cena como o Coringa no longa anterior, o mesmo não acontece com o Bane de Tom Hardy. Embora seja dono de um talento singular para se expressar mesmo com aquela máscara. Hardy não desponta. E esse é um dos pontos positivos do filme. Com isso, há espaço para desenvolver os dilemas morais de Selina Kyle, além da estruturação de personagens que acabaram sendo uma grata surpresa, como o policial John Blake (Joseph Gordon Levitt). E, claro, Nolan nos pergunta mais uma vez se Batman é Bruce Wayne usando uma máscara ou o contrário.

Do papel para a telona

Entre todos, o Cavaleiro das Trevas Ressurge é o que mais apresenta elementos vindos dos quadrinhos. Começando pela própria figura de Bane, criado para ser um rival forte tanto física como intelectualmente (um nêmesis) que despontou na bombástica saga A Queda do Morcego (mais detalhes aqui in English)

Mas, vemos também muita coisa derivada de outra saga que fez barulho no universo do Morcego: Terra de Ninguém (mais detalhes aqui in Portuguese) Entretanto, o quanto dessas duas sagas estão presentes no filme, você vai ter que ir ao cinema para descobrir. E, por favor, se puder, faça isso em IMAX! O Morcego merece! 

Nota do Cineopses: Óbvio que esse texto não poderia vir de ninguém menos que Carlos Bazela. Ninguém, no planeta, teria mais autoridade para falar do Morcego que ele. Afinal, Batman e Bazela são praticamente sinônimos. O Cineopses, mais uma vez, agradece querido Bazela! 



9 de julho de 2012

Prometheus


Olá queridos leitores do Cineopses! Depois de um bom tempo sem postar aqui, ficou em minhas mãos a árdua tarefa de falar sobre Prometheus, o novo filme do diretor Ridley Scott – cujos maiores feitos incluem, entre outros filmes aclamados, Blade Runner – O Caçador de Andróides (1982), Gladiador (2000) e Rede de Mentiras (2008) – com o mínimo de spoilers possíveis. Vejamos se eu consigo.

Para quem ainda não sabe do que se trata, o filme conta a história do casal de cientistas Elizabeth Shaw, vivida por Noomi Rapace (a Lisbeth Salander da versão sueca de Os Homens que Não Amavam as mulheres) e Charlie Holloway (oriundo de papéis menores na TV como a série The O.C.), que procuram uma solução para o enigma da origem da humanidade. 

Após encontrarem sinais gravados em cavernas de diferentes partes da Terra, a dupla parte ao encontro dos seres que teriam criado a raça humana em um planeta longínquo a bordo da nave Prometheus. Tudo, entretanto, se transforma em uma grande batalha quando se descobre que nossos “pais” escondem um terrível segredo que pode acabar com todos nós.

Todo o hype em torno de Prometheus se deve ao fato do filme foi originalmente concebido para ser um prelúdio de Alien – O Oitavo Passageiro (também dirigido por Scott em 1979) e, por consequência, de toda a franquia que ele originou. Entretanto, durante o processo criativo – Leia-se conversas intermináveis entre o diretor e os roteiristas Jon Spaihts e Damon Lindelof – o filme virou algo novo, uma história que se sustentaria por si só, mas que ainda seria capaz de contar a origem da criatura mais famosa do cinema e por meio de elementos da sua mitologia

Assim, logo após a descoberta da última caverna, o filme salta para bordo da Prometheus, que já no final de sua jornada de dois anos com destino ao planeta LV-223. Lá dentro, somos apresentados ao andróide David (Michael Fassbender) à fria executiva da corporação Weyland-Yutani – que financia a expedição e é proprietária da nave – Meredith Vickers (Charlize Theron) e ao capitão Janek  (Idris Elba). 

A exploração do planeta tem início imediatamente após o pouso e o destino é um grupo de cavernas subterrâneas que mais parecem uma instalação abandonada do que uma obra da natureza. Aqui as perguntas começam a ser respondidas. Shaw realmente encontra nossos criadores, a quem chama de engenheiros, mas se depara também com algo muito pior, que divide a tripulação da Prometheus e pode trazer terríveis consequências se for tirado dali.

Contar mais daqui em diante estraga toda a surpresa, mas eu adianto que o filme apenas fica melhor – e mais estranho. Embora o filme tente a todo o momento ser algo nada visto antes (e já pelo roteiro , ele consegue) todos os elementos de outros filmes de terror espacial estão ali e para a nossa alegria tudo que dava a identidade da franquia Alien também está. Para ver Prometheus vá preparado para se surpreender. O filme pede mente aberta e bastante reflexão, principalmente depois que termina e mesmo o que parece ser totalmente óbvio esconde algo ainda maior e aberto a diferentes interpretações. 
 
Já para os “iniciados”, como eu, ao universo da lagartixa negra, que foram obrigados a engolirem a seco dois péssimos Alien Versus Predador,  apenas para ver sua criatura favorita na telona, eu peço paciência. Embora o desenrolar do filme Ridley Scott não nos esqueceu e a última cena, pouco antes dos créditos finais é o presente dele para todos nós. 



Nota do Cineopses: O Bazela já é amigo há muito tempo e é sempre uma honra enorme contar com ele por aqui. Eu mesma não me atreveria a dizer nada sobre Prometheus (apesar de ter visto) pois o garoto é autoridade em Alien. Só confiaria nele para falar no assunto. Volte sempre querido!

4 de julho de 2012

O Espetacular Homem-Aranha

Confesso que estava bem receosa em relação ao reboot do Homem-Aranha. Afinal eu bem que ia com a cara do Tobey Maguire, curti a direção do Sam Raimi e acabei me acostumando à eles (apesar de detestar o capítulo final da trilogia). Dito isso, é justificável meio receio quando ouvi que um novo aracnídeo estava chegando por essas bandas!

Alegria na terça-feira quando fui convida para prestigiar a pré-estreia da tão aguardada releitura: O Espetacular HOmem-Aranha (The spectacular spider man, EUA 2012). Mas vamos logo ao que interessa.
O início a gente conhece Peter Parker, menino órfão, mora com os tios, é zuado pelos amigos, nerd e tem uma paixonite aguda por uma colega. Lá pelas tantas é mordido por uma aranha e se transforma em super herói.Nesse meio tempo vai descobrindo seus poderes e curtindo eles. E não, o filme não parte da fase adulta de onde o terceiro longa de Sam Raimi parou.

Ok? Não! A nova versão vai mais fundo na história do nosso aracnídeo predileto. Descobrimos que são os misteriosos pais de Parker, qual o envolvimento do pai dele, Richard Parker (Campbell Scott) com a Oscorp. Aliás essa fixação com a busca em descobrir as várias faces do pai é que dá o tom do filme. 

Fora isso temos Peter Parker (Andrew Garfield). O cara mandou muito bem! Tem algo de novo nesse nerd, não mais aquela aura de bobão. Ele é "moderninho" te até um pouco de atitude e muito carisma. Outra coisa legal?  Parker criou os próprios lançadores de teia, como no gibi, ao invés de produzi-la biologicamente. Na minha visão o subidor de paredes ficou mais humano.

Acompanhamos os tombos, as bolas foras e o primeiro amor que não foi por Mary Jane Watson! Nos quadrinhos a primeira a balançar o pobre coraçãozinho de Parker é Gwen Stacy (Emma Stone) a mesma do filme.

Passada toda a introdução o longa de Marc Webb (do magnífico 500 dias com ela) nos brinda com o cabeça de teia em muita ação e tensão também. Tem algo de bem maduro nas relações entre os personagens, acredito que seja uma contribuição de Webb que não tinha no currículo (até então) nenhum filme de ação assim.

Ah sim, não podemos esquecer do vilão! Um cientista frustrado pela perda de um braço, com um histórico bem nebuloso com pai de Parker também, que tomado pela ambição se transforma uem um lagartão horroroso querendo destruir a cidade (não, não é Cloverfield). O tal do Dr. Curtis (Rhys Ifans) é bem estranho mesmo.

Tudo isso pra dizer que não há receio. O filme surpreende, tem ação, o protagonista convenceu e , melhor que isso, a produção saiu do óbvio e consegue dar prazer ao espectador. Com certeza muitos discordarão de mim mas, me conforta pensar que outros tantos concordarão. Afinal, 10 anos depois da bem-sucedida trilogia do aracnídeo foi muita ousadia dos estúdios e do produtor Avi Arad (o mesmo dos primeiros) se arriscar em um novo começo.

E mantendo a tradição, Stan Lee dá o ar da graça no longa. Um fofinho esse gênio!

Nota importante: aos fãs do quadrinho me perdoem a ignorância. Minha opinião é baseada nos filmes hein. HQ ainda não é muito a minha praia.

Vejam depois e voltem pra contar!
beijos