18 de março de 2010

O talento não se compra

Na segunda-feira uma amiga me pediu uma indicação de filme pra chorar.Quem me conhece sabe que sou PHD em filme pra chorar! Adoooro me acabar e lágrimas com aqueles filmes tristes de doer, aquelas histórias sofridas ou lindas demais. Mas voltando, minha dica para a Thaisinha foi o brilhante "A felicidade não se compra" (It´s a wonderful life, EUA 1946) . Não conhece?? Vem comigo.

O pai de família George Bailey (James Stewart) sempre abriu mão de seus sonhos para ajudar sua cidade, Bedford Falls. Mas agora, na véspera de Natal, sente-se fracassado, tem uma grande dívida e pode ser preso. Desesperado, decide se suicidar, mas seu anjo da guarda vem à Terra para fazer com que ele mude de idéia. Para isso, o anjo mostra a George sua família, seus amigos, sua cidade, e como tudo seria diferente se ele não tivesse nascido. George, então, percebe o quanto foi e é importante na vida de muitas pessoas.

Piegas? Não mesmo. Deixa eu dizer porque. Esse clássico de Frank Capra é simples, preto e branco, objetivo e profundamente tocante. É uma bela lição de valor à vida, de amor, de amizade e de mais um monte de coisa boa. É uma peça rara, de uma época quando se faziam filmes que realmente "falavam" com a gente. De quando pra se tornar estrela tinha que ter talento! E talento mesmo, cantar,dançar, interpretar, improvisar, sapatear...ser bom! Se fosse bonito melhor ainda mas isso não era requisito primordial.

Uma época onde diretores tinham o filme todinho gravado na mente, dirigiam com paixão, não gastavam fortunas homéricas com propagandas. O filme rendia por ser bom, e pronto.Nada de lobby, nada de nome famoso por trás. Talento minha gente, talento. Antes de qualquer coisa (inclusive faro para negócios - $$ -) o talento gritava mais alto.

Simplicidade... ah como isso faz falta. Não digo que não gosto da modernidade. Pelo contrário, adoro. Mas amo o cinema , a arte de criar uma boa história, de fazer um bom filme. E não confunda filme simples com filme bobo. Sinto falta de obras como essa, que cativam pela simplicidade. A mensagem fica, emociona, marca. Daí você pode dizer que o tempo disso já passou. Eu retruco dizendo que não. Uma coisa não pode apagar a outra. No cinema não há fase de filme simples ou modernoso. É filme. Ah Frank.... que falta você faz.

Quem puder conferir, confira. Se conseguir conter as lágrimas ou ficar indiferente ao longa, me conte.Vou te admirar pra sempre, pois eu, mesmo depois de ter visto 5.000 vezes, ainda choro.


Nota: Essa maravilha foi idicada a cinco Oscars em 1947 e levou o Globo de Ouro de Melhor Diretor, no mesmo ano.

beijinhos

7 de março de 2010

vale um debate

Inspirada por um amigo,fiquei pensando em um aspecto "cinemístico" dia desses. Confesso que ainda não cheguei à uma conclusão mas achei bacana deixar o espaço aberto para um debate sobre o tema (garanto que rende meu povo!). Falemos das cinebiografias musicais, aqueles filmes fantásticos que retratam a vida de nossos cantores/bandas/músicos prediletos. Em geral essas produções além de uma trilha sonora deliciosa, trazem grandes atuações também.

A pergunta é a seguinte: É possível diferenciar talento de imitação? Ou para imitar é preciso ter talento? Vou além, similaridade física suplanta o talento?

A pergunta foi feita pelo Gui Sierra, amigo de longas listas musicais, ao discutirmos a injustiça da escolha do Oscar (na verdade isso é assunto pra outro post já que a academia deixou de ser selo de qualidade há eras..) enfim, em nossa humilde opinião o Carequinha deveria ter ido para as mãos de Joaquim Phoenix, que saiu da festança apenas com a indicação.

Vamos aos fatos: Joaquim não lembra em nada a aparência de Johnny. Se levarmos em conta a atuação não dava pra ser melhor. O jeitão meio dark, aquele vozeirão estremecedor e toda a melancolia transmitida na música lembrava, e muito, o cantor original. Ao lado do ator apenas o talento. Pra quem é fã de Johnny , era fechar os olhos e viajar, pois nem com reza brava iríamos lembrar de Johnny ao olharmos para Joaquim.

Jamie arrasou também, é claro, todos os mperitos para ele, mas nesse caso será que a semelhança física não influi em nosso julgamento? Explico, a caracterização de Jamie Fox foi PERFEITA! Ele ficou a cara de Ray Charles! O ator é cantor também, e a leveza e todos os trejeitos ao tocar piano foram fielmente reproduzidos por ele.Repito, atuação louvável.

Sei também que não dá para comparar pois ambos disputaram a estatueta em edições diferentes (Jamie em 2005 e Joaquim em 2006). O segundo perdeu para
Philip Seymour Hoffman, de "Capote". Essa é apenas mais uma injustiça da maior festa do cinema nacional. Hoje de noite tem mais, com certeza. Mas essa é a minha percepção (e do Gui né, que iniciou a discussão). Talvez a predileção por Johnny Cash nos faça ver injustiças onde não há. Pode ser. Ou não (já diria Caetano).

Amo Cash mas não posso negar a contribuição de Ray para a música. O cara era genial, por isso repito que o texto em nada desmerece o artista. Está na minha lista de top 10 com certeza (tanto o filme quanto o músico) .

Mas fica a pergunta: O que você acha?

beijos