19 de setembro de 2010

Uma vida iluminada

Alex não sabe a razão mas não gosta muito de judeus. Deve ser por conta do seu avô, que também não gosta. Quer dizer, Alex (Eugene Hutz) não gostava até conhecer Jonathan (Elijah Wood). O negócio de família de Alex é levar pessoas de volta ao passado, levá-las em busca de lugares, pessoas e pertences. Um guia ao passado. Jonathan é um americano fora do seu tempo. Sempre de terno, coleciona memórias. Tem uma parede em casa cheia de saquinhos com objetos de pessoas que o cercam. Todos eles lembram alguma coisa e ele passa o tempo buscando esses tesouros e colocando em seu saco plástico.

Confesso que quando o filme começou não levava muita fé não. Feliz engano o meu. Uma vida ilumidada (everything is illuminated, 2005) é um longa do também ator de Liev Schreiber, e aborda o reconciliamento com o passado.

O judeu americano contrata a família de Alex para levá-lo à um vilarejo na Ucrânia. A viagem pretende saber sobre Augustine, uma jovem que estava ao lado de seu avô em uma fotografia quando ele faleceu. Quem é essa mulher que não é sua avó? Essa pergunta leva Jonathan a buscar esse vilarejo ao lado de Alex e seu avô. Aliás, não dá pra eleger o protagonista desta história já que essa viagem vai revelar muito sobre os três. O patriarca da família acha que é cego e leva consigo uma cadela , mais doida que ele diga-se de passagem. No caminho, o longa revela um passado enterrado mas que começa a se apresentar para os três. Sensacional.

Os belos olhos de Elijah são destacados por conta dos óculos fundos. Esse olhar carrega a melancolia que dá tom ao filme. Já Alex mostra ser um jovem que sempre quer aparecer. por ser ucraniano quer se misturar aos americanos, pertencer à tribo. Anda sempre com um agasalho esportivo e muitas correntes, parecendo um rapper mesmo. O avô fala pouco, mas carrega um mistério que nos é revelado à cada cena, cada diálogo, cada quadro.

O filme mostra que toda a nossa vida leva a sombra do passado. Mesmo que enterrado, cedo ou tarde ele volta. No fim, tudo o que aconteceu lá atrás dita o que será daqui pra frente. Como disse, não há um único protagonista. As situações cômicas e as dramáticas que tecem a trama do longa, nos mostram que a vida ilumidada acaba sendo dos três homens que partem nessa busca por respostas e descobertas. Um filme tem um tom bem triste, por causa da peculiaridades dos três personagens. A maior parte das cenas se passam dentro do carro e a fotografia dos lugares visitados é espetacular (atenção para o campo de girassóis).

Um vida ilumidada é um bela história de reconciliação com o passado. Trágico ou não, é o que você vai levar para o resto da vida. Quer queira, quer não. Mega indico!

beijos

1 de setembro de 2010

Terra dos mortos

Filmes de terror. Falar sobre eles sempre gera polêmica. Tem gente que não gosta muito, tem gente que odeia mas pouquíssimas pessoas gostam. Os que amam então, menos ainda. Felizmente, e digo isso batendo no peito hein, eu faço parte dos que gostam e muito, quase na turma dos que amam (ainda preciso aprender umas coisinhas para amar). E já que vamos falar de terror, por que não dedicarmos esse post ao genial George Romero.

Vou confessar que a primeira experiência com o diretor (O despertar dos mortos, 1978) não foi das mais agradáveis, mas como disse leva tempo pra aprender. Vamos aos fatos.

Recentemente dediquei algumas noites às obras de terror. O mais legal disso é ver que muitas delas vem carregadas de críticas, teorias e outras cositas além de jatos de sangue e vísceras ao vento. Terra dos mortos (Land of the dead, 2005), retrata o tempo em que zumbis dominaram o mundo e os poucos humanos sobreviventes estão confinados em uma cidade cercada por muros. Se por um lado tem gente lutando contra os mortos-vivos para ganhar mais alguns dias, fora da cidade a turma endinheirada vive em um prédio de luxo completamente alheia à essa realidade da turma pós-enterro.

Riley (Simon Baker, o mentalista rs) faz parte de um grupo de “garis” da cidade responsável por fazer a limpa de noite, com alguns macetes eles distraem os cadáveres ambulantes e matam de novo os pobrezinhos. Tudo vai funcionando até que os joguinhos não mais prendem a atenção dos mortos, e eles começam a perceber que de uma maneira estranha a turma do além túmulo começa a se organizar pra contra-atacar.

Lembra que eu falei das críticas? Pois bem, esse longa em especial vem recheado das sociais. Uma das possibilidades e enxergar os mortos como os famigerados países do terceiro mundo. Por um tempo como fantoches das potências (os vivos), à disposição, sem pensar ou agir por conta própria. A turma de fora do cerco pode ser considerada as potências mundiais. Em seus paraísos onde tudo se compra não fazem ideia do que acontece fora dali. O trabalho sujo é feito sempre por um “morto-vivo”.

Pra surpresa de todos, os zumbis começam a se organizar e é sensacional o levante! Daí já não tem barreira, é pescoço rasgado, corpos as pedaços, aortas partidas e muito mas muito sangue! Afinal, é um filme de terror. Mais do que isso, um terror que te coloca pra pensar )quando você finalmente consegue desfazer as cenas que ficam na mente de humanos destroçados rs). É claro que essa ainda é uma visão muito simplista de toda a mensagem do filme, não teria como colocar todas as minhas impressões sem ocupar muito espaço.

Enfim, se eu fosse você chamaria alguém pra segurar tua mão, perderia o medo e manda ver num longa do gênero. O que não falta são opções meu caro leitor.

Fica a dica!

beijos