13 de março de 2009

Tá com medo? Parte I

Ah, a sensação de invasão. Sabe quando você é criança e pula o muro da vizinha para buscar a bola? É isso. Ou às vezes quando faz alguma arruaça em algum lugar que não é seu só pelo prazer de zuar? Pois bem. Não estou aqui pelo prazer de zuar, claro que não. Mas imagine: entrar em um blog, bonitinho, arrumadinho, cheiroso, bem escrito, de duas doces meninas e escrever sobre... filmes de horror... ah, é como fazer xixi nas plantinhas da casa da avó.

Mas para não ser chato (coisa que para mim não é esforço) achei melhor fazer uma lista dos 10 MELHORES FILMES DE HORROR. Ou os que considero mais assustadores e divertidos. Aliás, o que pode ser mais legal do que tomar uns sustos inofensivos e ver cenas absurdamente engraçadas?

Então, vamos lá: peguem as pipocas e os refrigerantes, mas cuidado para não derrubar na hora do... “aaaaaaaaaaaaaah, pu#@ que pariu... que sustooooo da pó*$@!!!!”

10 – Fome Animal - (Dead Alive/ Braindead, Nova Zelândia, 1992)

Bom, esqueça a parte das pipocas e refrigerantes. Para ver Fome Animal... é melhor não comer nada. O filme é um festival de nojeiras e insanidades: uma orelha que cai na sopa e é comida no mesmo momento, um padre luta kickboxer antes de virar zumbi, zumbis fazem sexo e parem bebes zumbis, a “arma” utilizada para matar os mortos-vivos é um cortador de grama virado ao contrário, ou seja, mutilação de órgãos e banho de sangue e tripas. O diretor e criador dessa maravilha é Peter Jackson, em uma época em que ele – adolescente na Nova Zelândia – sequer imaginou que certo dia ganharia um Oscar.

Resumo da história:

Leonel é um nerd que vive com sua mãe, uma velha chata e ciumenta. Certo dia o rapaz se apaixona por uma moça, filha de ciganos, e a chama para ir ao zoológico. A mãe de Leonel, que desaprova o relacionamento, o segue até o local. Lá, acaba mordida por uma espécie rara de animal: o Macaco Rato da Sumatra. Depois disso, passa a ter febre e comportamentos estranhos, perde cabelos, a pele começa a cair – assim como os dentes – e emite grunhidos estranhos. Pior: a velha fica violenta e morde as pessoas. Os que foram atacados passam a ter a mesma reação, até que uma epidemia se espalha e os “zumbis” tomam conta da cidade. Leonel e a sua namoradinha são os mocinhos.

Opinião:

Nada pode ser mais sensacional para uma sessão maldita entre amigos do que Fome Animal. É divertido, engraçado, a maquiagem é muito mais bem feita do que muita coisa “rica” de Hollywood, é criativo até o fim e ninguém vai dormir. Com certeza. Pode testar, porque já testei.

9 – A Meia Noite Levarei sua Alma - (À Meia-Noite Levarei sua Alma, Brasil, 1964)

O melhor terror nacional já feito em todos os tempos só podia ser de um dos maiores cineastas desse país: José Mojica Marins. Pouco sabe de cinema os que criticam a simplicidade desse gênio do cinema. Mojica criou o mundialmente conhecido Zé do Caixão, personagem de característica forte, demoníaca, sádica, cruel, demente e inventiva, porém de uma veracidade tão intensa, que lhe concedia uma assombrosa humanidade. Sua grande obra-prima se chama A Meia Noite Levarei Sua Alma, primeiro filme de uma trilogia que conta a busca insana de coveiro Zé do Caixão pela mulher, que lhe dará o filho perfeito.

Opinião

Em 1963, plena ditadura militar, o cinema nacional não estava acostumado com o que veria. Mojica, então, sem medo da censura filmou aquele que seria o divisor de águas para o gênero no Brasil. Embora sutil para os padrões atuais, A Meia Noite Levarei Sua Alma desafiou os dogmas cristãos ao mostrar cenas de violência explícita e a críticas contra as tradições religiosas. Só isso já faz do longa histórico. Não bastasse tal loucura para a época, o filme ainda é audacioso e criativo, com uma montagem que consegue dignificar até mesmo as atuações amadoras e os improvisos de roteiro. A Meia Noite... é um filmão, com uma trama sem furos, que apresenta um personagem complexo, primitivo e contestador.

Curiosidade:

Zé do Caixão foi inspirado em pesadelos constantes que Mojica tinha com o personagem quando era criança. Aos 12 anos, o diretor vendeu sua bicicleta e comprou uma câmera de 88mm. Daí deu início a sua carreira apaixonada.

8 – [REC] - ([Rec], Espanha, 2007)

Pensei em colocar aqui algum clássico como Psicose ou Os Pássaros, mas é tão lógico citar Hitchcock que preferi fazer justiça a essa pequena obra-prima contemporânea chamada [REC]. O filme espanhol, com elenco espanhol, diretor espanhol e todo falado em espanhol é um dos mais assustadores que já vi. A fórmula se assemelha ao de A Bruxa de Blair, câmera na mão e clima documental, porém com uma diferença: há ação. E muita!

Opinião:

Ângela é uma repórter fazendo uma matéria para a TV sobre o dia-a-dia dos bombeiros. Em algum momento recebem uma chamada e a equipe os acompanha no resgate. Chegam a um prédio. A ocorrência: mulher gritando desesperadamente em um dos quartos, enquanto boa parte dos moradores esperam no saguão. Qualquer coisa que contar além disso estragará o filme.

Há muito tempo eu não assistia nada tão intenso. O motivo? [REC] é real. Em momento algum parece um filme. Apesar de se tratar de algo inviável e de natureza fantástica, o público se relaciona com os personagens e os fatos de forma orgânica até. Afinal de contas, o filme é acompanhado em primeira pessoa o tempo todo, fazendo com que você deixe de ser espectador e passe a acompanhar os acontecimentos como testemunha ocular. É sensacional. De se borrar de medo. Vejam lá:

http://www.youtube.com/watch?v=1eFrM50cmhw

Logo mais parte II.

Observação da Leila:

Esse post foi escrito por Leandro Giometti. O moço é um canivete suiço: jornalista, cinéfilo, crítico, boleiro, cantor, arranjador, humorista,compositor e ainda acha tempo pra ser um cara bacana! Gostaram?
legiometti@hotmail.com. Aguardem os outros filmes da lista dele.

3 comentários:

Bruna disse...

Welcome Leandro!
Caramba, tenho até medo da continuação dessa lista, *rs.

Leila Ferraz disse...

Depois de ler isso, já sei que não dormirei de noite!

Manhêêêê!!! que medo!!

Giometti disse...

hahahaha! Exagerada...
Obrigado, Bru.