Esta é a primeira sensação que tenho quando me lembro deste filme que, embora eu só tenha assistido há cerca de um ano, foi filmado há mais de dez.
O Violino Vermelho (The Red Violin/1998/François Girard/EUA), conta a trajetória misteriosa de um violino que foi confeccionado pelo grande artesão Nicolo Bussotti, na Itália do final século XVII. O instrumento, minuciosa e ricamente trabalhado, era um presente que Bussotti preparava em segredo para presentear a seu filho que ainda estava para nascer.
Enquanto finaliza sua obra-prima, Bussotti recebe a notícia de que sua esposa, em trabalho de parto, estava correndo risco de vida. A mãe e o bebê morrem durante o parto e, assim, o “violino perfeito” deixa de ter sentido na vida do artesão e é colocado junto aos demais instrumentos para venda.
A partir deste ponto o violino começa uma viagem de 300 anos, passando por cinco lugares diferentes ao redor do mundo: Cremona (Itália), Viena (Áustria), Oxford (Reino Unido), Xangai (China) e Montreal (Canadá). E em toda sua volta ao redor do mundo ele passa pelas mãos de plebeus e nobres da realeza, aprendizes de música e de chineses reprimidos pelo comunismo, levando traição, raiva, amor e sacrifício a quem o possui.
Samuel L. Jackson é Morritz, um renomado historiador e especialista em instrumentos musicais que é convidado para analisar um lote de instrumentos que serão leiloados. É um homem que dedica todo seu profissionalismo pesquisando a “vida” do violino e procurando pistas de onde ele poderia estar até que, como obra do destino, ele descobre que o famoso violino está, inadvertidamente, em suas próprias mãos e que fora totalmente desprezado por grandes nomes da música erudita, em meio a todos os demais instrumentos do lote.
A notícia da “aparição” do violino vermelho se espalha devido à desconfiança gerada pela realização de exaustivos testes no instrumento e tendo que assumir que de fato aquele é o violino original. A descoberta acaba por criar um clima de hostilidade entre maestros e colecionadores de toda a parte. Todos querem arrematar o instrumento no leilão.
O roteiro é bem recheado de situações que levam o espectador a descobrir, pouco a pouco, porque o violino vermelho é tão desejado e tão misterioso. Existe algo muito além do fato de ter sido confeccionado no berço da música erudita, e é exatamente este mistério que ultrapassa a capacidade de entendimento humano, tornando-o o instrumento perfeito. O violino errante, amado e odiado é vítima de uma perfeição sonora que o acomete a perseguição que parece não ter fim.
O filme foi baseado no Stradivarius, conhecido como The Red Mendelssohn, que é chamado de “violino vermelho” devido ao aparecimento inexplicável de uma listra vermelha no seu lado superior direito. O instrumento foi arrematado em um leilão, em novembro de 1990, pela quantia de US$ 1,7 milhões.
O violino vermelho recebeu diversos prêmios: um Óscar de melhor trilha sonora (John Corigliano), oito Genie Award, nove Jutra Award, um Golden Reel Award pela edição sonora e ainda um Best Artistica Contribution Award do Tokyo International Film Festival.
No entanto, e apesar de ter recebido tantos prêmios, a minha humilde opinião de apaixonada por filmes que envolvam música clássica e outros eruditismos, cabe-me apenas apontar um ponto crucial a quem se interessar em assistir: a sensibilidade do espectador é o que fará toda a diferença.
“Sem música, a vida seria um erro.” (Nietzsche).
Postado por Flavia Rios
A convidada de hoje é uma ótima amiga, excelente escrivinhadora e jornalista, amante de Chico Buarque, fã da boa e antiga MPB, além de arranhar alguns acordes em seu violão.
4 comentários:
Parabéns Flávia!
Esse filme é mesmo sensacional! Sensível e encantador!
O mistério desse violino nos instiga e cativa!
belíssimo!
Caramba mano ! eruditismos... só Flavia Rios mesmo pra dar um toque de classe nesse cineopses.
faz muito tempo que eu quero ver esse filme! minha mãe já fez a maior propaganda dele, mas nunca consegui parar e assitir.
está na minha listinha de pendências!
João,
é uma palavra que nem sei se existe no dicionário, mas achei que soou bem! rsrs
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