11 de julho de 2013

Homem de aço


Depois de três filmes arrebatadores do Batman, eis que a Warner se sente mais uma vez confiante para levar às telas mais uma vez seu peso pesado: o Superman. E, para trazê-lo de volta, aposta no reboot da franquia ao recontar a história do último filho de Krypton, além de misturar atores pouco conhecidos com nomes consagrados do grande público, fórmula que também fez bastante sucesso na trilogia do Cavaleiro das trevas. Além disso, o estúdio do Pernalonga também recorreu mais uma vez à visão realista de Christopher Nolan para fazer de Homem de Aço (Man of steel, EUA 2013) o filme mais crível já feito para o personagem. 

No comando de tudo, está o diretor Zack Snyder, que acumula em seu currículo o original Sucker Punch (2011) e as adaptações de quadrinhos 300 (2006) e Watchmen – O Filme (2009). Vale lembrar que ambas despertaram delírio e ódio quase na mesma proporção entre leitores e não leitores de HQ’s na época que saíram e talvez por isso, Snyder tenha optado por fugir de seu próprio estilo. Nada de poses sexys e gratuitas ou cenas em slow motion com heróis sorrindo enquanto espancam bandidos, portanto.

Desta forma, como se fosse a primeira vez, chegamos ao planeta Krypton, que mesmo com sua tecnologia superior se vê prestes a perecer. Lá, somos novamente apresentados ao cientista Jor-El (vivido por um majestoso Russel Crowe), que previu a destruição de seu mundo por conta da extração desenfreada de recursos naturais; e sua esposa Lara (Ayelet Zurer), que acabara de dar a luz ao pequeno Kal-El. Nesse clima de apocalipse iminente, ainda sobra espaço para uma tentativa de golpe de estado promovida pelo General Zod (vivido por Michael Shannon esbanjando frieza) e seus asseclas, sendo a mais cruel deles, Faora Ul (Antje Traue), seu segundo em comando.


No final do conflito, que terminou com Jor-El morto e o bebê Kal-El enviado para um planeta distante, iluminado por um sol amarelo; o exército de Zod acabou punido, exilado na Zona Fantasma. Após esses eventos, o filme corta para a Terra, onde um Clark Kent (na pele de Henry Cavill que demora algum tempo para dizer suas primeiras palavras em cena) já adulto peregrina pelos EUA em empregos temporários enquanto tenta achar seu lugar no mundo. Entre uma situação e outra, na qual precise usar seus extraordinários poderes, temos flashbacks da conturbada infância de Clark no Kansas. O bullying constante na escola, a descoberta da nave que o trouxe a Terra e principalmente o relacionamento com seus pais adotivos: Jonathan e Martha Kent (vividos Kevin Costner e Diane Lane cuja química como pai e mãe do jovem Superman realmente surpreende), cuja influência tem papel decisivo em suas escolhas.

O fator Lois Lane

Não seria um filme do Azulão se não tivesse a Lois Lane. Entretanto, a repórter (interpretada pela angelical Amy Adams) foge totalmente ao estereótipo da jornalista sem escrúpulos com mania de cair de prédios – fortalecido por Teri Hatcher na série de TV Lois & Clark (1993-1997), que o passar dos anos construiu para a personagem. Nesse novo Superman, Lois mostra sua veia de filha de militar e aparece como a ponte entre o Homem de Aço e os humanos no momento em que a nave do General Zod chega ao nosso planeta e começa o embate contra os kryptonianos renegados.


Em termos técnicos, o novo filme do Superman é um espetáculo para os olhos, embora a batalha com os dissidentes da Zona Negativa possa chocar os que esperam uma coisa mais mamão com açúcar. Aqui, prédios desabam, pessoas correm em pânico e coisas explodem aos montes do jeito que uma batalha com seres superpoderosos poderia ser. Aliás, todo o filme é um paradoxo entre a fragilidade dos seres humanos frente ao poder dos alienígenas e nossa persistência em resistir. Seja atirando balas contra um ser invulnerável ou tirando uma jovem dos escombros de um prédio.

É essa perseverança vinda dos humanos que dá força a Kal-El para lutar contra um exército de seres tão poderosos quanto ele – e treinados em combate, ainda por cima. Contar mais sobre a história do filme à partir daqui pode acabar um pouco com a diversão, afinal o filme reserva ótimas surpresas para quem estiver na sala de projeção. Mas, no final das contas, é preciso ter em mente que Homem de Aço é uma história sobre como todos nós somos capazes de nos tornar Super para proteger aquilo que amamos.



O link com os quadrinhos
Homem de Aço é um reboot. Portanto, não convém compará-lo aos filmes anteriores do Superman, mas sim com sua origem: as HQ’s. Para quem está acompanhando tudo até agora e, mesmo antes de ver o filme, já se pergunta onde raios foi parar a cueca em cima das calças, eu explico: o Superman agora é assim nos quadrinhos.Em 2011, a DC Comics optou por reiniciar suas histórias. Isso mesmo: gibis cuja numeração vinha desde a década de 1940 começaram novamente do número 1.



Assim, os heróis da casa (Batman, Mulher- Maravilha, Superman e etc) receberam novo visual e novas origens mais condizentes com o mundo de hoje. Para entender melhor isso tudo, dê uma olhada aqui: http://pt.wikipedia.org/wiki/Os_Novos_52. Nessa nova abordagem, o personagem que mais sofreu mudanças foi o Superman. Se antes Kal-El tinha aquele jeito ingênuo de ver o mundo e não dedicava muito do seu tempo pensando no seu planeta natal, aqui ele está mais escaldado com as mazelas da raça humana e, em alguns momentos se mostra pouco à vontade com sua origem alienígena. E, claro, o uniforme é um traje kryptoniano deixado na Terra. Da mesma forma que acontece no filme. 
 

Embora esse novo contexto do Superman nos quadrinhos seja o norte da produção, o filme cria por si só algumas saídas, que da mesma forma como John Blake em O Cavaleiro das Trevas Ressurge, funcionam muito bem. Entre elas, eu destaco a relação entre Lois e Clark e o futuro papel dele como repórter do Planeta Diário e a visão de Krypton, como um “admirável mundo novo” com condicionamentos mentais e nascimentos artificiais. E, claro, o próprio Zod, como fruto corrompido de uma sociedade criada para ser perfeita. Em resumo, seja você fã ou não do personagem, esqueça tudo o que já foi feito com o Superman na frente de uma câmera e vá ao cinema. O Homem de Aço surpreende. 

Nota do Cineopses: Esse texto não poderia ter vindo de ninguém menos que o Carlos Bazela, assíduo colaborador deste humilde espaço. O Cineopses agradece a preferência e alerta: a casa é sua Bazela, volte sempre!

 

Um comentário:

Evy disse...

Fui assistir e depois vim aqui comentar...
Li algumas críticas negativas sobre o filme, mas mesmo assim fui ver, pois prefiro ter a minha própria opinião! Kkkkk
Eu gostei da Amy como Lois, acho que combinou bastante.
O General Zod não curti muito, acho que pq não gosto do ator, pra mim ele deve ser gêmeo do Ricardo Macchi...
Também gostei dos Kent, a química entre eles foi boa mesmo!
E o Clark? Acho que dispensa comentários, certo? Acho que vai ser difícil ter um Superman como o Christopher Reeve, mas acho que o Henry tá no caminho certo!!!

Belíssimo texto, por sinal!!!

Bjs