Nêmesis: termo muito utilizado no cinema e nos quadrinhos que designa um ser totalmente oposto ao outro e ainda assim muito próximo. Se fosse para descrever todo o contexto de Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge (Batman – Dark Knight Rises), com uma única palavra, eu provavelmente escolheria essa. E eu vou explicar o porquê, mas sem entregar spoilers do filme, claro. Porém, fica aqui a recomendação de rever os dois primeiros, pois muitas pontas descascadas neles são amarradas agora.
Vamos à história. Gotham City está segura. Já faz oito anos que a morte do promotor Harvey Dent (Aaron Eckhart) serviu para que leis mais duras fossem criadas e limpou a corrupção do departamento de polícia. Logo, o Batman, por não ser mais necessário saiu de cena levando a culpa pela morte Dent. Assim como Bruce Wayne, mais uma vez vivido por Christian Bale que se tornou um eremita, nunca mais fez aparições públicas e vive recluso em sua mansão. E seu corpo pagou o preço dessa escolha.
Tudo muda, todavia, com a chegada de Bane (Tom Hardy), um terrorista abrutalhado e inteligente, cuja origem cruza com o passado de Wayne e o fará vestir mais uma vez a capa e o capuz para proteger a cidade e aos seus amigos. No meio dessa loucura, ainda aparece Selina Kyle (Anne Hattaway), uma hábil ladra que oscila entre uma pedra no sapato de Bruce Wayne e uma aliada importante para o Batman – que não está no auge de sua forma física – na batalha para salvar Gotham.
A “Era Nolan”
Assim como nos dois primeiros filmes, o diretor Christopher Nolan (A Origem, O Grande Truque) nos brinda mais uma vez com uma cidade real vivendo situações irreais. Entretanto, totalmente verossímeis. Cada pequeno take apresentado nos dois primeiros filmes faz sentido neste último, como uma gigantesca colcha de retalhos que já estava pronta e foi desmanchada ao longo de 10 anos. A impressão não é outra senão a de que toda a trilogia já havia sido concluída na cabeça do diretor.
Da mesma forma que os elementos da trama se amarram, as atuações também são dignas de nota. Nolan conduz o elenco como uma orquestra em sincronia, onde nenhum instrumento está acima do outro fazendo com que todos sejam ouvidos. As tiradas de Lucius Fox (Morgan Freeman) não se sobrepõem a figura paternal do mordomo Alfred (Michael Caine), assim como a sensualidade de Selina Kyle não ofusca a frieza de Bane. Até mesmo a insossa Miranda Tate (feita pela oscarizada Marion Cotillard) mostra do que é capaz nos atos finais do filme.
Se o finado Heath Ledger roubou a cena como o Coringa no longa anterior, o mesmo não acontece com o Bane de Tom Hardy. Embora seja dono de um talento singular para se expressar mesmo com aquela máscara. Hardy não desponta. E esse é um dos pontos positivos do filme. Com isso, há espaço para desenvolver os dilemas morais de Selina Kyle, além da estruturação de personagens que acabaram sendo uma grata surpresa, como o policial John Blake (Joseph Gordon Levitt). E, claro, Nolan nos pergunta mais uma vez se Batman é Bruce Wayne usando uma máscara ou o contrário.
Do papel para a telona
Entre todos, o Cavaleiro das Trevas Ressurge é o que mais apresenta elementos vindos dos quadrinhos. Começando pela própria figura de Bane, criado para ser um rival forte tanto física como intelectualmente (um nêmesis) que despontou na bombástica saga A Queda do Morcego (mais detalhes aqui in English)
Mas, vemos também muita coisa derivada de outra saga que fez barulho no universo do Morcego: Terra de Ninguém (mais detalhes aqui in Portuguese) Entretanto, o quanto dessas duas sagas estão presentes no filme, você vai ter que ir ao cinema para descobrir. E, por favor, se puder, faça isso em IMAX! O Morcego merece!
Nota do Cineopses: Óbvio que esse texto não poderia vir de ninguém menos que Carlos Bazela. Ninguém, no planeta, teria mais autoridade para falar do Morcego que ele. Afinal, Batman e Bazela são praticamente sinônimos. O Cineopses, mais uma vez, agradece querido Bazela!
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