30 de julho de 2009

Coisas de sócias

A cineopse de hoje não é sobre um título apenas, mas vários.
Não consigo nem imaginar falar de amizade citando só um filme, me desculpe quem consegue.
Na verdade, pra falar de amizade não há nada mais ilustrativo, mais digno e mais verdadeiro do que nossas próprias vidas.
Na boa minha gente, o que passa de personagem estranho e interessante na vida da gente não está no gibi né. Imaginem se vocês parassem para escrever um roteiro de suas vidas a quantidade de personagens que ele conteria! Afe!!

Enfim, tentarei ser breve. Ontem 29/07 - quarta-feira, uma protagonista muito querida completou mais uma temporada. Bruna Bernordi, Brunex, Brunoviscky, Bruninha, BB ou simplesmente sócia. É super verdade o que dizem que a gente nunca sabe quando uma amizade vai nascer. Eu me espanto quando olho pra trás e vejo que, a gente não se vê todos os dias (apesar de trabalharmos no mesmo prédio, mesma empresa, e estarmos em andares próximos, eu no 7º e ela no 6º) nem sempre nos falamos, não saímos todos os finais de semana, a gente não conhece a casa ou os pais da outra, nunca viajamos juntas e mais um montão de coisas que amigos fazem. Mesmo assim, alguma coisa "estranha" une a gente. Pode ser o cinema (com certeza tem dedo dele aí) mas vai além disso. Há um laço de confiança, de carinho, de respeito e admiração que foi crescendo sem a gente perceber. Amizade é isso aí, foge do controle.

Mas é assim que as coisas são. A minha sócia é admirada pela sua beleza, mas poucos têm a sorte de conhecê-la por inteiro. Poucos têm o privilégio de saber quem é a Bruna e contar com ela. O mundo relata grandes amizades: Batman e Robin; Tim Burton e Johnny Depp; Burro e Shrek; Gênio e Alladin; Timão e Pumba; Thelma e Louise; John Lennon e Paul McCartney; Wagner Moura e Lázaro Ramos e mais uma penca de gente!

Queridona, você vai longe ! Eu te desejo ainda mais sucesso,mais saúde (cuida desse olho moça!!!), mais alegria, sorrisos, abraços, doces, filmes,músicas bregas, de fossa, dançantes, barulhentas e o que mais você gostar!

Parabéns!!!!
beijocas

21 de julho de 2009

O Clube do Filme

Junte um adolescente de 15 anos que não gosta de estudar e tem péssimo desempenho escolar e um pai que não sabe muito bem o que fazer e permite que o filho abandone a escola impondo uma condição: que eles assistam juntos 3 filmes por semana indicados pelo pai.
Essa experiência real resultou no Clube do Filme, ótimo livro lançado pela editora Intrínseca. O autor canadense David Gilmour relatou essa vivência com o filho e abordou assuntos que interessam não só os amantes da 7ª arte.

Os filmes escolhidos são bárbaros, muitos conhecidos do grande público, outros nem tanto. David não estabeleceu um critério de seleção, mas levava em conta o interesse do filho por determinados temas ou um sentimento do momento, quando por exemplo o jovem estava sofrendo por terminar com uma namorada e o pai poupou cenas românticas e criou um módulo só de terror.
Antes de cada sessão o autor faz um relato breve explicando a história do filme ou do diretor, pede atenção em determinada cena ou conta alguma curiosidade sobre a película exibida e depois faz a pergunta final: E aí o que você achou? Muitas vezes a opinião do filho desapontava e eu acho que esse fator foi bastante positivo para a história toda, pois promovia a discussão e o debate sobre os personagens, roteiro e direção.

Esse período de sabatina do cinema aproximou bastante Gilmour do filho e criou uma relação de confiança entre os dois que passaram a compartilhar experiências, ideias e vivência. É interessante perceber a visão do pai sobre o futuro do filho, o medo de ter tomado uma decisão errada que transforme seu descendente em um marginal ou mesmo os conselhos que ele dá quando o garoto tem uma decepção amorosa. Esse relacionamento é bastante admirável e penso que muitos gostariam de ter o ombro amigo do pai e ouvir suas experiências e frustrações naqueles momentos em que parece que nada mais vai dar certo.

Ah, não percam as Cineopses que Gilmour oferece sobre clássicos e atuações, a meu ver são verdadeiras aulas e prepare-se pois você vai ler muito sobre Clint Eastwood, Hitchcock, Jack Nicholson, Sharon Stone, Woody Allen, Marlon Brando, Tarantino, Scorsese, Mastroianni e por aí vai.

Super indico o livro, que em uma visão de menina pode ser traduzido como o Clube da Luluzinha Masculino. Tenho certeza que assim como eu, o leitor que gosta de falar sobre cinema e coisas da vida vai “consumir” o book em pouquíssimas horas.

18 de julho de 2009

Histórias que geram histórias

Eu sempre gostei muito de histórias, sempre mesmo. Gosto de ouvir histórias, ler histórias, ver histórias, enfim, só não me arrisco a escrevê-las (não ainda). Se me perguntarem qual meu tipo de história predileto eu acho que não saberia responder. Eu sou de lua na verdade, tenho fases de comédias, de suspense, de dramas, romances (principalmente aqueles que, depois de terminado,você tem vontade de cortar os pulsos com uma faquinha de rocambole rs). Mas voltando, antes de eu descobrir a essencial diferença entre roteiro original e adaptado, eu viajava imaginando como alguém criava aquelas histórias que tanto me emocionavam. Adaptar também é uma arte, não me entendam mal hein.

Enfim,ao longo dos anos você separa seus escritores/roteiristas prediletos, compra livros ou filmes sem nem saber a história, já confiando que seu querido escritor/roteirista fez um ótimo trabalho.Eu também tenho a minha lista de prediletos, mas hoje, cito apenas uma pessoa, que na minha opinião, escreveu as melhores histórias, os melhores diálogos, criou os melhores personagens do mundo: Jane Austen. Tá bem, tá bem, eu já disse isso aqui, que sou fã declarada dela, mas o que posso fazer?? A gente não controla isso né.

Eu me apaixonei pela Jane aos 15 anos, quando li pela primeira (das 200) vezes o romance Orgulho e Preconceito. Quem se interessar em saber o quanto gosto desse livro, veja no arquivo Dezembro de 2007. Depois daí eu iniciei uma busca frenética por tudo o que fosse escrito por ela, descobrindo inclusive, que foram 6 livros apenas. Li todos, comprei todos e o que mais gosto é esse mesmo.

Eu sempre achei que ela tivesse vivido um grande amor e sido feliz pra sempre. Afinal ela fala e descreve esse sentimento como poucos. Dias atrás me interessei por um filme de nome "Amor e Inocência" (Becoming Jane, 2007). Confesso que a tradução é bem pobre, se fizermos ao pé da letra faz até mais sentido, seria algo como "tornando-se Jane". Seguindo. O filme relata como a escritora inglesa criou seu romance de maior sucesso, qual foi sua inspiração.

Jane Austen (Anne Hathaway) se parece muito com a personagem Elizabeth Bennet, altiva, se recusavaa seguir as regras, espírito independente e tudo o que já sabemos. Queria mesmo escrever e viver disso, coisa inaceitável em sua época. Um belo dia, se apaixona pelo advogado Tom Lefroy (James McAvoy) , sagaz, irônico, interessante e ... nunca ficou com ela.

Coitadinhos eles se amavam, tinham tudo para dar certo mas as benditas conveniências sociais acabam com tudo. O filme é a biografia dela, e depois a gente entende porque ela sempre foi tão crítica em relação à sociedade e porque suas histórias são tão recheadas de detalhes. Ai gente eu adoro, desculpem não tem como não me derreter.

Conhecemos quem foi esse homem que mexeu tanto com ela, e segundo o filme, deixou-a solteira pelo resto a vida. Após se tornar uma escritora conhecida e admirada, seu coração ainda pertencia ao advogado. O que mais me dói é saber que ela teve sim um grande amor, e viveu com ele, só pra si mesma. E mais triste ainda é saber que foi real, ninguém inventou , alguém viveu isso.

A história deles gerou outras grandes histórias. Se lermos seus livros, veremos que há uma pouco de Lizzie e Mr. Darcy em todos seus protagonistas.
É um filme que conta a história de quem, com maestria e sentimento, criou histórias.

Adivinhem?? Eu indico é claro! Indico não, super indico! Indico mais ainda pra quem gosta de Jane Austen, pra esses sim, o filme tem mais sentido e não é apenas mais uma história de heroínas românticas.

Vejam e me contem depois.Como disse, a-do-ro histórias!

beijos

12 de julho de 2009

Sozinha, sozinha...

Transcrição fiel de um papo que tive com uma grande amiga minha na sexta-feira:
- E aí, como você está meu bem?
- Sozinha, sozinha. Pelo menos ainda tenho o twitter, e você?
- Sozinha, sozinha e, ainda por cima, sem twitter. Não consigo atualizar aquilo com frequência.

Uma semana antes dessa conversa fui ao cinema ver o novo filme da Emma Thompson (sou fã dessa inglesa) e andava matutando como colocaria isso no blog não apenas em forma de sinopse, nossa proposta no Cineopse nunca foi essa, mas trazendo para aquele roteiro, pitadas da nossa realidade.
Já aviso que o filme foi classificado por muitos veículos como “doce”, “açucarado” e até mesmo “gostoso”. Portanto, se você não é adepto desse tipo de história, a gente se vê em outro texto.

O longa “Tinha que ser você” (Last chance Harvey ,Reino Unido/EUA 2008), gira em torno da vida de Harvey Shine (Dustin Hoffman), músico americano decadente que ganha a vida fazendo jingles para propagandas. O cara vive sob a pressão de poder perder seu emprego para seu assistente, que é mais jovem, suporta o desprezo da filha e da ex-mulher além de ter a consciência de que é totalmente substituível na vida delas. Pior que isso, ele nem sabe quando isso aconteceu e nem onde ele deixou de existir pra elas. Do outro lado do oceano, na fria Londres, temos a Kate Walker (Emma Thompson) que trabalha fazendo pesquisas no aeroporto, parando as pessoas e fazendo a cruel pergunta “o senhor teria um tempinho?”, é solteira e ainda vive às voltas com a mãe que insiste em lhe arrumar um parceiro além de pensar que seu vizinho é um psicopata polonês. Enfim, a vida da moça não é nada fácil.

O moço Harvey recebe o convite de casamento de sua filha e vai até Londres para a festa. Não sei como, mas ele ainda é um cara bem-humorado, ou pelo menos finge ser né. Ao contrário de Kate que é completamente cética e não acredita mesmo em nada que tenha a ver com relacionamentos. No fim você descobre que é mais uma forma de se proteger do que característica mesmo. Ok, voltando. De um jeito bem incomum os dois se encontram e inicia-se uma gostosa conversa e consequentemente, a afinidade. Eu não vou contar o resto, paro por aqui. O filme seria outra historinha estilo cinema em casa não fosse pela atuação desses dois monstros do cinema. Uma história de amor maduro, outro olhar sobre os dramas, as angústias e as dores da nossa eterna busca por ele, o amor.

Imagine você, com mais de 50 aninhos, já sem aqueles sonhos românticos e aquele pique pra sair para a caça? Sendo sempre apontada pelas amigas como a largada. Você é aquela pra quem todos sempre querem apresentar alguém, afinal não custa nada dar uma mãozinha né. Você é bonita, simpática, inteligente, interessante e ...sozinha! Por quê???? E você nem precisa ter 50 pra viver isso, infelizmente cada vez mais cedo isso acontece com homens e mulheres do mundo inteiro. Quando eu disse que os dois protagonistas fazem a história valer muito a pena, é porque os sentimentos são transmitidos pelo olhar deles. Todas as experiências de amores passados por vezes não são suficientes para nos fazer tomar vergonha na cara e aprender a se controlar. Quando menos se espera lá estamos nós, dando outra chance pra ele.

Me lembrei desse filme na sexta ao conversar com minha amiga e me entristeci ao me dar conta que eu faço parte de uma geração que nem tem toda a experiência de vida ou tempo de estrada da Kate mas já estão descrentes. E não é drama nem pessimismo. É só sentar com uma turma e você vai ver que o que digo é verdade. A gente não segue adiante porque já sabe no que vai dar, e são poucas as vezes que erramos. Geralmente aquela vozinha que grita CUIDADO! Está certa.

Eu confesso que até chorei em determinada parte do filme, quando o Harvey vai até a Kate pra se declarar e blá blá blá e ela já termina tudo ali por medo. E a frase é justamente essa “eu não sou nenhuma menininha pra me iludir, já sei onde isso vai dar”. Triste, mas verdadeiro. Cinema é cinema e por isso por mais que os roteiros se assemelhem às nossas histórias, nossos finais são bem mais trágicos. E assim é a vida, a gente nasce, aprende a se comunicar, se identifica com uma turma, se apaixona e ficamos assim, sozinhos, sozinhos. Com ou sem twitter a coisa é complicada. É uma lógica que realmente, eu não entendo. Se a questão é proporção tem alguma coisa errada aí. Pra uns é muito fácil, se troca de companhia como quem troca de meias. Pra outros simplesmente isso não existe. O setor amoroso anda tão parado que é perigoso criar dengue. Será que a gente anda muito exigente? Ou será que os efeitos da guerra e do Titanic estão fazendo diferença agora? Afinal milhares de homens morreram nas guerras e quando o navio afundou, mulheres e crianças tiveram prioridade e lá se foram os homens pro fundo do mar. Acho que é mais difícil para as mulheres, afinal estamos em maior número.

A verdade é que dificilmente em uma situação dolorosa da sua vida você vai encontrar alguém especial. Isso só acontece mesmo com o Harvey e a Kate. Nós ficamos por aqui, sem saber se acreditamos e seguimos em frente ou desistimos disso e seguimos em frente.

Ah, vejam o filme. Como já disseram é uma delícia.

beijos