19 de janeiro de 2016

Creed

O filho ilegítimo do grande boxeador Apollo “Doutrinador”, Creed decide subir ao ringue como lutador profissional e escolhe ninguém menos do que Rocky Balboa, o melhor amigo e eterno rival dele para treiná-lo. Enquanto tenta sair da sombra do pai e, ao mesmo tempo honrar seu legado, o jovem percebe que somente talento não basta para chegar ao topo. Essa é a história de Creed – Nascido Para Lutar, que chegou às telas brasileiras no dia 14 de janeiro. A produção é dirigida por Ryan Coogler (Fruitvale Station - A Última Parada) e traz no elenco Michael B. Jordan (de Poder Sem Limites, e da última versão de Quarteto Fantástico) como Adonis Creed e Sylvester Stallone de volta ao papel que o consagrou.   

Se a premissa está longe de ser uma pérola em termos de originalidade no cinema, o peso de Creed ser o sétimo filme da série iniciada em 1976 não ajuda. Afinal, pode-se dizer que o público já viu de tudo nesses 40 anos de franquia. Desde a clássica jornada do herói no primeiro filme até a crítica sutil à empáfia e ostentação de alguns esportistas da atualidade no sexto, intitulado Rocky Balboa (2006). Passando por um leve flerte com a ficção científica personificada pelo anabolizado Ivan Drago (Dolph Lundgreen) de Rocky IV (1985).

Mas, o dilema de trazer algo novo para quem assiste foi resolvido por Coogler – que também roteiriza o filme – de uma maneira bem acertada. Se o plot inicial é claramente um remake do primeiro, o desenrolar dos fatos o posicionam – e muito bem – como uma sequência direta do longa de 2006, com um Balboa ainda mais velho e combalido.

Ao longo do filme, acompanhamos a história do rapaz. Desde o dia que Mary Anne, a viúva de Creed (Phylicia Rashad), o adota em um reformatório, passando por suas bem-sucedidas lutas ilegais no México e pelo momento no qual ele decide largar o emprego em uma instituição financeira para se dedicar ao boxe em tempo integral.

Até chegarmos à Filadélfia, onde ele se muda para um pequeno apartamento na cidade e pede a um relutante Rocky que o treine. Daí por diante, a película entrega ao público os clichês esperados: o treinamento, a vida no subúrbio e o interesse amoroso do rapaz na musicista Bianca (vivida por Tessa Thompson).

Dentro e fora do ringue

Ainda no campo dos acontecimentos esperados pela plateia, claro que Creed também tem seus vilões. O invejoso treinador Pete Sporino, que faz de tudo para promover a luta entre Adonis e seu filho Leo para atingir Rocky; e o boxeador falido e de caráter duvidoso Ricky Conlain (Tony Bellew), com quem o jovem Adonis protagoniza o embate final.

Embora tudo seja moldado e conduzido para o que vai acontecer dentro do ringue nos dois grandes combates, é o que acontece fora dele que ganha o espectador. Em Creed, todo mundo está lutando contra alguma coisa. Seja Adonis para não ser lembrado apenas como o filho ilegítimo de um dos maiores pugilistas da História, Bianca contra a doença degenerativa que está consumindo sua audição e o próprio Balboa, que procura se convencer o tempo todo de que ainda há o que fazer nesse mundo, mesmo que sua esposa e amigos já tenham partido.

Contudo, não pense que o filme deixa o boxe de lado. O esporte não é negligenciado nem por um minuto e pode-se dizer seguramente que supera os anteriores ao retratar esse universo de uma maneira realista e em certos momentos visceral. Assim é Creed – Nascido para Lutar, uma produção que entrega sequências de luta ambiciosas, coreografadas com perfeição e ainda surpreende pelo drama bem conduzido, marcado por ótimas atuações.




Texto habilidosamente escrito pelo nosso fiel colunista Carlos Bazela :)

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