18 de junho de 2012

Deus da carnificina

Acabei de ver, há exata 1 hora atrás, o novo filme de Roman Polanski. Só o nome do diretor já me dá uma vontade louca de ver, não interessa se é bom ou ruim. Felizmente, como quase tudo o que ele fez, o fime é mais uma prova de competência ma arte de contar uma boa história.

Não só a história. Os atores escolhidos são ninguém menos que Kate Winslet, Jodie Foster, Christoph Waltz e John C. Reilly. Mas vamos ao que interessa.
Tudo começa em um parque onde dois adolescentes brigam. Um bate, o outro apanha. Um pega um galho de árvore, o outro perde dois dentes. Enfim, mais um dia no parque. Logo depois estamos na casa do casal Longstreet (Foster e Reilly), que parecem estar fechando uma pauta do que depois viria a ser uma conversa "adulta" com os pais do agressor, o casal Cowan (Winslet e Waltz).

O que começa como uma conversa civilizada de pais tentando entender a atitude dos filhos se revela em um grande palco de diálogos impagáveis depois. O filme inteiro se passa na sala da casa do casal Longstreet.

De um lado temos pais que, inicialmente, medem as palavras para não acusar o filho do outro casal. Do outro, pais que tentam a todo custo não louvar a atitude violenta do filme. Junte a isso personagens únicos, cada um brilhando de maneira diferente com interpretações impagáveis. 

Minha percepção é que o filme é um embate de paradigmas. Temos Penelope Longstreet (Foster) como uma mãe preocupada com a fome mundial, a situação dos países africanos e o espírito de coletividade. Seu marido (Reilly) aparentemente é um homem submisso, que acata e defende tudo que sua mulher fala. Alan Cowan (Waltz) é um advogada ocupado que não parece se importar muito com o tema discutido na sala. Finalmente temos Nancy Cowan (Winslet) uma corretora de seguros fina e contida.

Os papéis caem quando a situação foge do controle na sala. Quando as crianças já não são o centro das atenções mas sim as vidas dos casais presentes, a coisa fica bem feia. Vemos que uma pessoa preocupada com questões sociais não é bem um ser coletivo. O maridão submisso resolve mostrar quem realmente é, um ogro de mão cheia. O casal fino e requintado não tem a menor educação ou senso de justiça. Entre acusações, náuseas, choro e bebedeira temos a impressão de estar no teatro.

O filme é baseado na peça "God of Carnage" de Yasmina Reza, que também assina o roteiro, e é mais uma prova que no final do dia, o que segura mesmo um bom filme são seus personagens e um roteiro sólido. Não se engane ao pensar que, por ter apenas um cenário, o longa é chato é monótono. O que não falta na obra de Polanski são momentos de tensão, diálogos ricos em acidez, e também em falsidade, e com certeza ótimas gargalhadas.

beijo 

Um comentário:

Daniel Consani disse...

Adoro esses filmes que funcionam como um estudo de personagens. Ainda mais na mão do Polanski e com um time de atores como esse... Ando atrasado com filmes, mas esse eu não vou deixcar passar. Beijos! :)