Não. Não é mais um filme sobre o espírito livre do festival de Woodstock de 69. Não é mais um passeio colorido de câmera sobre um monte de gente sem camisa e cabeluda curtindo uma vibe positiva. Aqui, o festival em si é coadjuvante de uma história de descobertas pessoais.
Aconteceu em Woodstock (Taking Woodstock, 2009) do diretor taiwanês Ang Lee tem sua atenção voltada para Elliot Tiber (Demetri Martin), um jovem sem graça, todo certinho que desiste de um monte de coisas para cuidar de seus pais malucos, os ótimos Imelda Staunton e Henry Goodman.
A mãe é uma judia pão dura pra caramba que gerencia a pousada na pequena cidade de Bethel, que foi o lugar escolhido para abrigar o festival depois do local original ter recusado receber a galera. Enfim, o responsável pela reunião musical ,Michael Lang, recebe um telefonema do recatado Elliot oferecendo a cidade. Não preciso nem dizer que todos os moradores de lá foram contra, criticaram, ameaçaram e xingaram o rapaz por levar a esbórnia para sua pacata e tradicional cidade.
Na verdade, a família de Elliot estava sendo ameaçada de despejo e ele liga pra Lang e oferece hospedagem pra abrigar "u festival de música"... o mocinho nem tinha ideia do que se tratava tal evento.
Começam os preparativos e o nome mais falado do momento é o de Elliot. A partir daí, vemos as transformações que esse evento causou na vida do rapaz. Na verdade o filme nem fala do que Woodstock Music & Art Fair significou para a história em si. Como disse, a mudança aqui é pessoal, o festival foi um divisor de águas na vida desta família e principalmente, de Elliot.
Dica: Se você nem sabe do que se trata Woodstock nem precisa contar com o filme para aprender. Se você não manja muito desse pedacinho ilustre da história da humanidade, pegue carona neste delicioso longa e divirta-se. Garanto que revolta não vai rolar, ou frases do tipo "caracas, o cara viajou" ou " putz, acabaram com Woodstock".
Os momentos em que Ang Lee parece mergulhar na atmosfera dos anos 60 focam as transformações de Elliot, até então um jovem reprimido, a alguém consciente da capacidade de guiar a própria vida. Com ar lúdico, a câmera substitui o olhar do personagem e passamos a seguir o mundo com sua visão lisérgica. Ou seja: rola uma vontade louca de estar lá também.
O filme é baseado no livro Taking Woodstock: A True Story of a Riot, A Concert, and A Lifede Elliot Tiber e nele, você vai encontrar figurinhas conhecidas como Liev Schreiber, Emile Hirsch, Jeffrey Dean Morgan, Paul Dano, Eugene Levy. Maravilha Alberto! Esse pessoal deixa a impressão de que nasceu para esses papéis. Ang Lee fez caber numa pessoa só, o maior festival de rock de todos os tempos!
beijos