22 de agosto de 2008

A Grande Miss Sunshine

Esta semana estávamos eu e Leila fofocando um pouco por telefone sobre filmes. Apesar de trabalharmos na mesma empresa, em salas coladas, nos cruzamos no máximo uma ou duas vezes por dia (isso é o que eu chamo de mundo corporativo).

Contei minha pretensão de escrever sobre o filme Closer, que eu tinha revisto recentemente (post abaixo) e ela disse que escreveria sobre Pequena Miss Sunshine, na hora que ouvi isso, me sobressaltei:

- Como assim você vai escrever sozinha sobre esse filme. Eu o assisti duas vezes só no cinema e mais umas três em casa, eu adoro a Miss Sunshine.

Após o meu surto, concluímos que valeria a pena escrever em parceria, o que eu particularmente adorei.

Eu classifico Pequena Miss Sunshine (Little Miss Sunshine/EUA/2006) como uma comédia com pitadas de drama. Os protagonistas fazem parte da família Hoover, composta por seis pessoas, que residem no Novo México, e tem como grande destaque a pequena Olive, uma garota de nove anos, interpretada por Abigail Breslin. O restante da família é composto por Sheryl (Toni Collete), mãe sensível que trabalha fora e tenta cuidar da casa, Richard (Greg Kinnear) pai sonhador que acredita ter escrito o melhor livro de auto-ajuda dos últimos tempos, Dawyne (Paul Dano), irmão da Olive que faz voto de silêncio, Frank (Steve Carrel), irmão de Sheryl depressivo e suicida, e por fim o senhor Edwin (Alan Arkin), pai de Richard, mora com a família por ter sido expulso de um asilo.

Tudo começa quando Olive recebe um telefonema com um convite para participar do disputado concurso da Califórnia, nomeado Pequena Miss Sunshine. Olive se empolga e decide que quer participar do concurso. A família não tem dinheiro para gastar com uma viagem de avião então decidem ir de carro, porém o veículo da Sheryl é muito pequeno e a única alternativa é utilizar a Kombi velha e amarela da família que só o pai consegue dirigir. O avô precisa acompanhar a neta pois criou a coreografia (um show a parte) que ela vai encenar no concurso, o jovem Dawyne não pode ficar só em casa e o tio corre o risco de tentar se suicidar novamente, logo toda a família cai na estrada.

Muitas são as trapalhadas que esse grupo apronta. Pra vocês entenderem um pouco, em uma das cenas cada um está tão preocupado com os seus problemas que esquecem a Olive em um posto de gasolina, enquanto a garota ensaiava sua secreta coreografia com o seu inseparável walk-man. Pequena Miss Sunshine não é uma comédia boba de uma família que transforma tudo em diversão. Pelo contrário, eles são estressados e mal-humorados e tudo o que querem é que a viajem acabe o quanto antes.

Bom, ainda não falei da metade e passo a bola para a Leila que terá a missão de traçar o perfil dessa família e um pouco sobre o concurso.

Então tá, agora é a Leila falando *rs concordo com tudo que a dona Bruna falou sobre o filme, mas o que faz de Pequena Miss Sunshine um primor é justamente as peculiaridades de seus personagens. Vamos começar com a mamãe Sheryl, adepta do " preto no branco, todos os pingos nos is" a verdade é que ela faz das tripas coração pra poder manter a família o mais normal possível ( missão impossível). Já o pai, Richard, se acha o guru da auto-ajuda e pensa que seu livro vai revolucionar o mundo, o discurso dele é sempre uma separação de perdedores e vencedores, perdedores dizem isso, vencedores aquilo e blá blá blá ... choque total quando ele cai na real e vê que o perdedor é ele, por não aceitar a família com seus lindos e interessantes defeitos. O Dwayne é um figura, quer ser piloto e por isso faz um voto de silêncio até conseguir, isso o isola um pouco da convivência familiar, seu melhor amigo é o bloco de anotações e na verdade pra ele a família é um saco. Na minha opinião um dos vários pontos altos do filme é quando ele descobre ser daltônico e que por isso nunca poderá pilotar! O que vinha guardado há anos de uma só vez explode e o menino vira uma bomba! Foi tanta emoção guardada, tanta raiva, tanta mágoa que no fim ele nem sabia se odiava mesmo a família ou se odiava a si mesmo por não se inserir nessa famíla.

Verdade seja dita, famílias são por natureza anormais, problemáticas e tem como especialistas em criar dores de cabeça e situações embaraçosas. E não há padrão, sua família pode ser composta por 2 ou 20 pessoas, os problemas são os mesmos, mudam de endereço, sotaque e personagens, só.

Quando o tio suicida chega ao lar doce lar da família Hoover descobre que tentou se matar por pouca coisa (coração gente, sempre ele). Na verdade quem deveria tentar isso era cada um dos membros daquela família. Levar um fora do seu aluno (sim eu disse aluno) não era nada comparado ao vovô viciado em heroína e aquela Kombi.

No meio disso tudo, a inocente Olive, que tem como maior sonho vencer o Concurso Miss Sunshine (só pra registrar, completamente ridículo, crianças se vestindo e agindo como mulheres) mas enfim, Olive consegue unir a família nessa deliciosa viagem e seguem todos para a Califórnia.

Enfim, lindo seria se todos nós ainda tivéssemos a inocência em sonhar, assim como a Olive, se todos acreditássemos ainda que vale a pena. Tenho amigos que dizem que acreditam, se isso for verdade sorte deles, mas o conselho é "carreguem a inocência da Olive até o fim dos dias".

O desfecho não foi como o esperado, mas o sonho foi, e muito bem realizado.

Ah, a Bruna pediu pra dizer que já ensaiou a coreografia do fim do filme. Se quiserem saber qual é, aluguem!

Leila, você também confessou um ensaio, *rs.

Beijos para a misses que temos dentro de nós!

Bruna e Leila.

14 de agosto de 2008

Vida que segue



Esse é um dos poucos filmes que recebem tradução digna do conteúdo.

Vida que segue (Moonlight Mile, EUA, 2002) é um drama, com excelentes sacadas do tipo cutucões no telespectadr no melhor estilo " ei, isso aqui acontece todo dia, inclusive com você!".


O filme conta a história do jovem Joe (Jake Gyllenhaal) que está noivo e viaja para a casa dos sogros. Nesse fim de semana, sua noiva acidentalmente é assassinada e ele se vê sozinho na casa dos sogros.

Vamos aos dramas, completamente perdido ele tem que encarar a perda, os pais dela e ainda a pergunta " e agora??".

Ele é um cara bacana, aos poucos vai se entrosando com o casal já que dividem a mesma dor. Joe é o perfeito "viúvo" , aquele que todos esperam ver, triste, taciturno, quieto enfim, tudo como manda o figurino. Nessa história ainda temos o sogro Ben ( Dustin Hoffman) e a mãe da moça Jojo ( Susan Sarandon). Os três dividem o tempo entre lamentos, preparativos para o funeral, depoimentos à justiça e etc...

O casal acaba adotando Joe, ele se sente bem ali, afinal é o que resta da amada e ele está decido a ser o viúvo que todos querem.

Tudo ia bem até que o coração, ele mesmo ( vocês sabem o que eu acho dele, né??) se intromete pra atrapalhar tudo. Joe se apaixona pela mocinha que trabalha no correio e daí surge uma briga interna, ao mesmo tempo que quer ficar com ela, não sabe como será a reação dos sogros, afinal eles continuam morando juntos!

Falando em sogros, Jojo e Ben personificam o casal perfeito, ele todo certinho e ela meio hippie e vivem em perfeita sintonia. Quer dizer, assim parece, até que no desenrolar do filme a gente percebe que tudo é máscara. A sintonia do casal, o comportamento de Joe e tudo o mais.

Jojo é frustrada por estar casada há tanto tempo e infeliz, Ben é um fracasso profissional e vivem se culpando pela perda da filha.

Daí a gente para pra analisar e vemos que todos os dias interpretamos personagens. A diferença é que as vezes esses personagens não são parecidos conosco em nada, mas mantemos a pose porque as pessoas gostam da gente assim.

Você nunca falou um palavrão, num dia qualquer resolve soltar um daqueles bem feios, pra desabafo mesmo, e atropelando o alívio vem a pergunta " o que vão dizer de mim??"

Resolva beber algo e se sentir bem ( você que nunca bebeu nada ) e comente que bebeu e gostou pra ver, é crucuficação na certa!

As vezes corremos o risco de deixar de aproveitarmos muita coisa só pra mantermos nosso papel pros outros.

Na boa, a vida é uma constante metamorfose e, parece clichê, ( mas que se dane!) é curta demais! Mudar é preciso!! Se agradar é preciso, se presentear é preciso, se amar é necessário!

Chega uma hora que nosso Joe resolve que manter a pose não o levará em nada, depois do choque com os sogros , todos acabam descobrindo que viviam uma mentira! Acreditem se puder, foi bom pra todo mundo!

Não que as mudanças não tragam dor e desafetos, trazem sim, mas isso faz parte dessa busca pelo prazer e pela tão falada felicidade.

Moçada, encham o peito de coragem, falem com quem acham necessário, desabafem, chorem, bebem, riam até cansar, solte aquela gargalhada bem alta e seja você!

Uma coisa é certa, a gente está em constante mudança mas nossa essência é a mesma, eu não deixo de ser a Leila por ter dançado ( coisa que nunca fiz antes) ou por ter gritado.Não deixo de ser eu quando me visto melhor, quando ouço outro tipo de música ou quando digo não pra alguém!

Essência é imutável, pode apostar!

E assim, a vida segue.

beijos




Closer – Perto Demais

Ou seria longe demais? (Closer/Mike Nichols/EUA/2004)

Antes de escrever, fiquei pensando de que forma abordaria esse filme que me marcou bastante, e foi baseado na peça de Patrick Marber, sucesso nos palcos Londrinos em 1997.

Com quatro personagens que se conhecem no decorrer da trama, o filme é um tapa na cara do telespectador, e permite que o mesmo tenha várias interpretações sobre as cenas. A história se desenvolve em Londres, não segue uma ordem cronológica exata, possui diálogos intensos, reveladores, frios e verdadeiros, além de cenas fortes e frases que nos fazem refletir sobre os relacionamentos humanos e os tempos atuais. O elenco conta com Julia Roberts no papel da fotógrafa Anna, Jude Law como Dan, o escritor de obtuários, Natalie Portman uma jovem stripper de Nova Iorque chamada Alice, e Clive Owen como o médico Larry.

Dan conhece Alice em um acidente de carro, ele a leva para o Hospital e os dois iniciam um romance. Anos mais tarde, o escritor precisa fazer fotos para a capa do seu livro que é baseado na vida de Alice e procura a fotógrafa Anna. Dan e Anna trocam olhares, o escritor paquera a fotógrafa que o corresponde. Alice percebe a situação e pede para Anna fazer fotos dela. Uma das fotos é escolhida para uma exposição que Anna promove meses depois.

A fotógrafa é divorciada e conhece seu futuro marido, Larry, em um aquário que costuma freqüentar, o encontro não foi coincidência (assistindo o filme os leitores irão perceber o que quero dizer com essa colocação). Mesmo dividindo o teto com o médico, Anna mantém um caso com Dan.

A “suruba” está armada e daí por diante o filme passa a tratar a traição e o sexo como tema principal. Nem preciso dizer que todos os protagonistas acabam se conhecendo e de certa forma seus relacionamentos estão ligados. Um aspecto que não passa despercebido é a diferença na forma como mulheres e homens encaram uma traição. O sexo masculino prefere comparações e se interessam pela performance do amante, já o feminino se importa com o envolvimento sentimental.

O ciúme também é assunto em Perto Demais, que está repleto de joguinhos amorosos. Na minha modesta opinião, Closer é daqueles filmes que ou se ama ou se odeia. Muitos podem não entender a complexidade dos sentimentos humanos, que muitas vezes são tratados como objetos que podem ser vendidos, trocados, ou negociados. Mas afirmo com convicção que o filme é muito próximo da realidade dos relacionamentos modernos.

Prestem atenção na atuação da Natalie Portman (como sempre muito convincente e envolvente) e principalmente no diálogo dela na boate. Em homenagem a essa linda atriz escolhi a foto em que ela está de peruca cor de rosa para ilustrar esse post. Adianto aos curiosos que o filme revela uma surpresa no final.