25 de agosto de 2012

O Ditador

Menos escatológico e muito mais ácido. É assim que eu defino o novo filme do comediante Sacha Baron Cohen. O Ditador (The Dictator,Eua 2012) é mais uma crítica aos modelos estabelecidos pela sociedade, dessa vez o alvo são os regimes políticos. Cohen é Aladeen, o líder despótico, misógino e antissemita do país fictício Wadiyan. Sua vida de governante tirano se resume a obter favores sexuais de estrelas de Hollywood, jogar videogame em seu Wii personalizado e executar todos os que ousam discordar de suas ideias.

Seu sonho é ter uma arma nuclear, pra ficar igual aos seus "amigos", mas diz ao mundo que está enriquecendo urânio para “fins pacíficos”. É claro que o resto do planeta desaprova suas ambições nucleares e ele é obrigado a fazer uma viagem aos Estados Unidos onde pretende convencer a ONU da "inocência" de suas intenções.

As tiradas já começam no discurso do próprio Aladeen ao declarar ao povo que o urânio jamais será usado para fins maléficos, o político começa a rir e já dá uma ponta do que será o restante do filme. A primeira dica já é dada: discursos políticos não devem ser levados a sério.

Nessa viagem à América os problemas de Aladeen começam. Ele tem sempre a tiracolo um sósia cuja função principal é levar tiros em seu lugar. Só que desta vez seu tio e braço direito Tamir (Ben Kingsley - mais uma vez no papel do tio traidor e ambicioso) tem planos diferentes. Quer substituir o real ditador pelo sósia, assumir o poder e abrir Wadiyan aos exploradores de petróleo.

Depois da traição, Aladeen fica perdidinho em Nova York sem sua barba e aos cuidados de Zoey (Anna Faris), uma feminista, amante de produtos orgânicos e pacifista de carteirinha. Está dado o pano de fundo para Cohen explorar sua verve cômica politicamente incorreta.Já começa derrubando o mito do voluntariado sem regras, da organização em células do tipo "aceito você como você é, ajude como puder" e que as pessoas são capazes de se organizar sem um "líder".


O filme tira sarro de grandes ditadores recentes como Saddam Hussein, Muammar Gadaffi, Kim Jong-Il e Ahmadinejad, mas também não poupa os ocidentais. Do mesmo jeito que faz um quadro satírico dos déspotas citados, o longa não poupa a elite de Hollywood, as grandes corporações que exploram petróleo nos países árabes e faz uma crítica contundente em seu final da farsa autoritária a manipuladora que existe por trás das chamadas grandes democracias ocidentais. Na minha opinião o melhor momento do filme.

A produção arranca grandes risadas assim como deixa alguns meio desconfortáveis com algumas cenas mais, digamos, agressivas (a reação do povo no cinema é ótima!). Mas como sempre, o mais bacana é a maneira nada sutil como Cohen faz suas críticas ao mesmo tempo que ridiculariza algumas situações tidas como corretas pela sociedade.

Enfim, uma excelente opção para que quer fugir do humor tão controlado e obrigatoriamente politicamente correto dos dias de hoje.

beijos