25 de agosto de 2010

500 dias com ela

O gênero comédia-romântica parece um tanto inadequado para tentar enquadrar o 500 Dias com Ela ((500) Days of Summer, 2006), afinal, quando se lê essa classificação a respeito de um filme espera-se mais uma daquelas histórias em que desacreditados em relacionamentos descobrem, juntos, o verdadeiro amor.

A história, ou melhor, os 500 dias compartilhados pelo arquiteto frustado Tom Hansen (Joseph Gordon-Levitt) e Summer Finn (Zooey Deschanel) extrapolam o campo da experiência afetiva para transformarem-se num aprendizado mútuo do amor.

A “lição de vida” inicia-se quando Summer, recém-chegada à cidade, vai trabalhar como assistente do chefe de Tom, cuja profissão nada empolgante é redigir frases para cartões. A garota um tanto misteriosa carrega consigo um magnetismo capaz de atrair olhares masculinos por onde anda. E Tom, obviamente, não passa ileso por isso. A partir de então, o rapaz fantasia o momento em que ganhará um beijo daquela moça que se mostra inabalável para o amor.

Para Summer, beijá-lo pela primeira vez na sala da copiadora do escritório foi um ato mais do que natural, porque ela jamais age em desacordo com suas vontades. Tanto que desde sempre faz questão de alertá-lo de que são apenas bons amigos, ainda que andem de mãos dadas, confidenciem sonhos, durmam na mesma cama e conversem sobre projetos pessoais. Tom, entretanto, não suporta carregar dentro de si tanta paixão por alguém que está imune a uma relação séria – Summer não conhece o significado do sentimento amor. Mas, o seu namorado casual tenta inúmeras vezes fazê-la entender que saberá identificá-lo quando realmente senti-lo.

O distanciamento de Summer torna-se inexplicável a Tom, que não entende a razão do rompimento de uma história que mal parecia ter começado de fato. Por trás disso, estava um cara que teve a sorte ou a ajuda do destino de abordá-la numa lanchonete. Em pouco tempo depois, o desconhecido conduziu-a ao altar.

Ainda que pareça injusta a situação de Summer ter se casado com alguém que, aparentemente, nem faça parte da história, o desfecho do filme é mais um sinal de esperança e prova de que a fila realmente anda para todos.

Infelizmente, ninguém tem a habilidade de convencer o outro a estar na mesma sintonia. Mas, fatalmente, há alguém querendo experimentar e dividir as mesmas expectativas sobre o amor. Prova disso é a bela garota que Tom encontra em uma entrevista de emprego num escritório de Arquitetura que, instantes depois, ela passa de mera concorrente a possível nova namorada. O nome dela? Autum – prova de que a vida continua.

É isso!

Thais Camargo

Nota do blog:

A Thaisinha e minha amiguinha de idiomas. E o "inha" nesse caso é muito bem empregado pois a moça é pequenina mesmo, mas só no tamanho viu. No resto é personalidade forte, muito divertida , que todo mundo quer ter ao lado! Companhia pra qualquer hora, não é colééééééga!


19 de agosto de 2010

Paris, Je t´aime

Me agrada muita a ideia de universos particulares. Sem apologias ao cd da Marisa Monte (que tinha alguma coisa a ver com particular) mas a ideia de que na historia de uma megacidade há diversas “nanohistórias” muito me apetece.

Naquela calçada esburacada , os buracos já viram muita coisa. A senhora da banca, o tiozinho da padoca, o motorista de todos os dias... toda essa gente em algum momento fez parte de alguma coisa especial na vida de alguém. A cidade fala.

Paris, te amo (Paris, Je t´aime, 2006) é uma bela dica pra quem curte particularidades. O produção reúne gente de peso, em 18 curtas-metragem que compõem o filme. A ideia? Narrar o amor na cidade luz! Gente que também tem história com a cidade do romance, nomes vindos dos EUA (Gus Van Sant, irmãos Cohen, Wes Craven, Alexander Payne, Vincenzo Natali, Richard LaGravenese, Bruno Podalydès), Europa (Olivier Assayas, Frédéric Auburtin, Sylvain Chomet, Isabel Coixet, Gérard Depardieu, Tom Tykwer), África (Oliver Schmitz, Gurinder Chadha), Ásia (Christopher Doyle - australiano, mas mais conhecido por ter dirigido a fotografia de oito filmes do chinês Wong Kar Wai -, Nobuhiro Suwa) e América Latina (Alfonso Cuarón e os brasileiros Walter Salles e Daniela Thomas), levam o espectador à diversos cantos da capital francesa, cada um com uma história diferente e que têm em comum o amor. Todas elas são permeadas por ele.

Mais legal que essa diversidade de diretores é como o toque de cada um é percebido nos curtas. Tuileries é dos irmãos Cohen , sendo assim é bem nítido o nonsense característico da dupla. Ironia reina lá também. Vincenzo Natali leva, em “Quartier De La Madeleine” vampiros para Paris. enquanto Wes Craven leva poesia (vejam vocês) e romance em um cemitério com participação de Oscar Wilde (direto do além) em “Père-Lachaise”.Walter Salles e Daniela Thomas mostram o drama de uma imigrante que deixa o filho pequeno todas as manhãs na creche, atravessa a cidade para cuidar do filho de uma madame no curta “Loin du 16ème”.

Como sempre, uma história bem doída. E por aí vai. Gus Van Sant no terceiro curta da exibição, Le Marais (4º arrondissement), traz a dificuldade de comunicação. Nesse caso o idioma é a barreira, mas a mensagem não para na diferença de línguas. Para se comunicar é preciso bem mais que saber um outro idioma.

As abordagens são variadas, afinal são 22 grandes cineastas e mais uma pilha de artistas renomados que homenageiam em 18 curtas a capital francesa. Super recomendo.

Na outra ponto, o projeto segue em outra grande cidade, Nova York. A premissa é a mesma, em Nova York, eu te amo (New York, I Love you, 2009) mais uma vez um grupo de gente de peso se reúne para mostrar as diversas caras da cidade. A diferença? O ritmo é outro, mas de alguma maneira a produção americana perdeu o charme do piloto francês. Aqui, as histórias parecem depender umas das outras, há uma ligação que não é a cidade. Há menos liberdade também, não transmite o estilo “crie e filme uma história depois me manda”. É mais um “tem que ser assim e assim pra encaixar no todo”, entenderam?

Mesmo assim vale a pena assistir, há histórias belíssimas como a dirigida por Shekhar Kapur e protagonizada por Shia Labeouf e Julie Christie ou a de Shunji Iwa com Cristina Ricci e Orlando Blom. O diretor Brett Ratner (de X-Men) apresenta uma história deliciosa também, com os jovens Anton Yelchin e Olivia Thirlby. Vale conferir.

Destaque também para as estreias de Natalie Portman e Scarlett Johansson na direção. Há rumores de que o próximo, Rio eu te amo, vá para as salas em 2011. Vamos ver.

beijos


3 de agosto de 2010

Eterno amor

O legal de história de amor é a contradição. Gente apaixonada nunca é racional, as histórias são sempre exageradas , açucaradas com toques de insanidade mental descontrolada e , as vezes, alguns psicopatas também dão o ar da sua graça.Quem ama enfrenta tudo, sente o outro mesmo que em continentes distantes, e é sempre muito forte. Talvez seja justamente nessa pieguice toda que está a graça das histórias românticas.

Eterno amor (
Un long Dimanche de Fiançailles, 2004) é a dica. A parceria entre o diretor francês Jean-Pierre Jeunet e a atriz Audrey Tautou que encantou o mundo no ótimo "O fabuloso destino de Amélie Poulain" em 2001, se repete nessa bela história de amor que brinda o telespectador com todos os ingredientes que citei acima, coroado com a competência e delicadeza do diretor.

Mathilde (Audrey) conhece Manech (Gaspard Ulliel) ainda na infância e desde então nunca mais se desgrudaram. Por causa de uma poliomelite ela ficou manca o que não impediu a moça de se tornar uma pessoa bem-humorada, esperançosa e otimista. Chega a Primeira Guerra Mundial e Manech deixa sua Mathilde e vai defender a França no front de batalha.

Três anos se passam e Mathilde recebe a notícia da morte de Manech. Por mais que os militares franceses lhe digam que foi executado ao lado de outros quatro soldados - todos condenados por apelarem à automutilação para escapar do conflito -, Mathilde não descansa até descobrir o que aconteceu no ano de 1917, quando Manech foi visto pela última vez.

Uma coisa muito marcante nesse filme são as pequenas tragédias que envolvem a vida da protagonista (não posso contar, assistam!).Talvez por causa disso, ela não aceite a morte de Manech e vai atrás do rapaz. Seguindo pistas, encontrando gente, desvendando mistérios, o longa mostra a incansável busca de Mathilde por seu Manech, ignorando os fatos e seguindo seu coração (ai que lindo!!!).


A narrativa dessa história envolve a gente , alterna as trincheiras sujas e tristes da guerra com as belas lembranças do casal, a inocência desse amor que é "desde sempre", a certeza da protagonista sempre com um sorriso no rosto nutrido pela esperança e ,paralelo a tudo isso, histórias coadjuvantes, que cruzam o caminho de Mathilde, de outras vidas também alteradas pela guerra. Outros amores desfeitos, corações partidos, atos impensados.

Enfim, para mim uma bela homenagem à esse que é o mais nobre e buscado dos sentimentos. Em nossa história as vezes perdido em guerras, discussões ou qualquer outro acidende de percurso ao qual estamos sujeitos, mas nunca esquecido.

beijos