2 de junho de 2011

Brilho de uma paixão

Fãs de romances épicos, regozijai-vos. Em tempos de emolovers e paixões vampirescas impossíveis (sem contar os vampiros gliterizados), é com muita alegria que lhes apresento "Brilho de uma paixão" (Bright Star,2009). Pense bem antes de torcer o nariz e achar que é mais um abacaxi romântico. O filme é uma ode aos romances épicos ingleses e o mais sensacional: Não é baseado em nenhuma obra de Jane Austen! - que fique bem claro que eu AMO a Jane Austen ok -

O poeta inglês John Keats (Ben Wishaw) é adorado pelos amigos mas não faz muito sucesso na imprensa. Isso, em 1818 ,significava que o moço não tinha renda. Perto dali Fanny Brawne (Abbie Cornish) desenha e costura as próprias roupas, tem a língua afiada e mora com a mãe, um irmão e a irmã caçula. A doença do irmão de Keats aproxima essas duas pessoas de mundos diferentes, criando uma relação peculiar.

Aos poucos essa aproximação gera um sentimento arrebatador, contado através de olhares, toques suaves, belas paisagens e muita poesia. Sem renda, Keats não pode oferecer um dote para desposar Fanny, mas quando se dão conta disso já é tarde demais, os dois já foram consumidos pela paixão que os condenara.


Entre a família dela que teme que a relação traga má fama e a impeça de arranjar um marido rico e o amigo de Keats que só se preocupa com a publicação de seus poemas, o casal burla as regras pra se ver, os momentos são intensos ao mesmo tempo que são puros e castos. Não que isso seja novo para o estilo, nada disso, mas a diretora Jane Campion (O Piano e Em Carne Viva) soube respeitar todas as regras que fazem desse gênero tão especial e, ainda, trazer um fôlego de renovação na escolha do roteiro e do casal protagonista.

Só o fato da história não ser baseada em nenhum romance de Jane Austen (talvez a autora mais famosa da Inglaterra) já é uma novidade. Depois, Ben Wishaw e Abbie Cornish deram um show de interpretação. As cenas em que os dois estão juntos chegam a arrepiar. A tensão entre os dois é tão transparente que é impossível não desejar um desses pra gente.

Outro ponto imperdível é a volta de Jane Campion. Se você parar para pensar, muito de O Brilho de uma Paixão lembra O Piano. A história dos diálogos mudos, os olhos que dizem tudo, toda a tensão sexual entre eles.


O jogo entre a castidade e a insinuação, escancarada nos tecidos escolhidos por Fanny em cada ponto dado antes do encontro com Keats. As transparências em certas partes dos vestidos, prontas para despertar o interesse do poeta.O balançar leve das cortinas quando os dois se encontram. Todos os detalhes "à la Campion" estética impecável.

Obrigatório pra quem gosta de uma boa história e um bom romance. Pra melhorar, tudo embalado pelas belas palavras de Keats.

beijos