12 de janeiro de 2011

Além da vida

O que nos espera após a morte é, talvez, umas das maiores curiosidades do ser humano.É,também,uma das perguntas que talvez fiquem sem resposta. Pra mim, está na lista das que nunca saberemos, temos diversas teorias mas não uma resposta certa.

Com esse mote, o diretor Clint Eastwood nos brinda com uma das viagens cinematográficas mais sensíveis que experimentei. Sem exageros, não consigo encontrar uma palavra pra descrever as mais de duas horas que passei na sala do cinema hoje.

Em "Além da vida" (Hereafter,2010) o veterano Eastwood nos mostra os diferentes efeitos da morte nas pessoas. E não pense você que é mais um filme que pegou carona na onda Chico Xavier. Esqueça os clichês das roupas brancas, pessoas bondosas e lugares lindos. O que temos aqui são três histórias tão bem contadas que é difícil acreditar que alguém criou isso (no caso Peter Morgan que roteirizou A Rainha, Frost/Nixon entre outros sucessos).

Matt Damon é George,um vidente que desiste de ganhar dinheiro com seu "dom" e tenta levar uma vida normal. Cecile de France é Marie, uma jornalista francesa de sucesso enquanto Frank McLaren é Marcus um garoto inglês que perde um ente querido. A princípio eles não têm nada em comum, nem a localização geográfica. São três histórias independentes que com maestria admirável se encontram.


Seria mais um dramalhão não fosse a competência do diretor e do elenco. Vou dizer uma coisa, contar histórias realmente é para poucos. Enquanto o que mais a gente vê é diretor querendo enfiar informação em cada milésimo de segundo no filme, aqui as cenas são calmas, passa lentamente. A gente tem tempo de digerir cada fato novo, cada reação dos protagonistas, cada diálogo. Isso é incrível. Mas não pense que o lento aqui é arrastado. Pelo contrário. Ao fim dos 129min de exibição, você sai com a sensação do "mas já?".

Os atores estão perfeitos. Matt e Cecile deram um show e o novato Frank também. Eu gosto quando a gente custa a crer que aquilo foi ensaiado sabe, a sensação que temos é que ali, cada um deles está contando a própria história. É tocante. Sem super efeitos especiais de gente sendo levada aos céus, a simplicidade deu o tom. O contar uma boa história foi a estrela do longa. A trilha sonora é uma caso a parte, a música foi o condutor da viagem. É sério, eu cheguei em casa e disse pra minha irmã (né Cotinha, confirme ae!!) que foi um dos filmes mais belos que eu vi nos últimos tempos.

Só um detalhe: Steven Spielberg é um dos produtores do filme. O cara tem faro pra coisa boa, não tem jeito.

Chegar aos 82 com essa mão toda não é pra qualquer um. Viva ao Clint que faz bonito em frente e atrás das câmeras. Meu conselho? Não perca por nada nesse mundo esse filme. Me conta depois.

beijos

9 de janeiro de 2011

Enrolados

Encantadoramente gracioso. Esse é o 50º longa da Disney. Enrolados (Tangled,2010) é uma leitura super pop do famoso conto dos irmãos Grimm , Rapunzel. A diferença aqui é a mescla de ingredientes Disney e Pixar. De um lado a magia, o encanto e romantismo dos criadores de Mickey Mouse, do outro a graça, a atitude e irreverência dos responsáveis por sucessos como Toy Story, Os incríveis, Monstros S/A e Procurando Nemo. A parceria entre os estúdios já rendeu muita coisa boa e, se não me engano, esse é o primeiro longa "romântico" deles.

Como disse, a releitura é pop. Aqui Rapunzel não é salva por um príncipe mas sim pelo ladrão malandro e boa pinta, Flynn Rider. A bruxa Goethe sequestra a pequena Rapunzel e a tranca em uma alta torre para ter o poder rejuvenescedor de seus longos cabelos apenas para si. Um belo dia, fugindo dos guardas reais Flynn vai parar na torre da mocinha que logo faz um trato com ele: Me tire daqui que eu devolvo a coroa que você roubou do castelo (ela esconde a coroa para chantageá-lo).

A partir daí uma sequência de acontecimentos hilários acontecem. A produção é diversão certa para toda a família. Na minha humilde opinião, o frescor do filme se deve a John Lasseter, o crânio da Pixar que assumiu a direção das produções com a compra. Mesmo assim a gente percebe bem quem fez o que no filme. Por exemplo: as irônicas piadas são da Pixar enquanto as canções têm a cara da Disney (só podiam mesmo, são todas de Alan Menken que "musicou" Aladin, A Pequena Sereia, a Bela e a Fera e por aí vai). A mistura fez muito bem a Disney que já estava ficando pra trás em um segmento que ela mesma criou, o das animações.

A princesa aqui já não é mais aquela menina frágil e delicada. Nossa Rapunzel tem atitude, é bem-humorada e esperta.

E não para por aí: O mocinho é descaradamente parecido com Aladin, a princesa (é claro!) tem um amigo animal, a bruxa canta e tem os cabelos negros e a mais bela cena do filme envolve romance e música. Enfim, tudo o que um conto de fadas precisa ter para agradar a família toda.

Curiosidade: o nome inicial do filme seria Rapunzel, mas os produtores decidiram trocar para que o nome não afastasse os meninos das salas de exibição. Tangled significa trançado. Na versão em português, Flynn Rider ganhou vida pela voz de Luciano Huck, que fez bonito na dublagem.

Eu morri de rir em várias cenas e me peguei sorrindo encantada em outras. E o mais legal: na cópia em 3D a cena das lanternas flutuantes ficou simplesmente maravilhosa. Fica a dica, corra para a sala mais próxima e confira o desenho, vale cada centavo do ingresso, 3D ou não (as duas versões estão disponíveis).

Li em algum lugar que esse seria o último longa da Disney. Estou torcendo pra que isso seja mentira afinal, quem é rei nunca perde a majestade né. E viva Disney e Pixar!

beijos