23 de abril de 2009

Fossa Music

Estava aqui pensando com meus botões na maravilha que é fazer um filme. Nos elementos que fazem esse "contar histórias" tão fantástico, coisas que tornam "una película" realmente fascinante. Não sei vocês, mas eu ainda me choco quando comento com alguém sobre uma determinada trilha sonora, por exemplo, e a pessoa me diz que nem prestou atenção. Sei lá, eu sou das que sabe até quem escreveu, justamente por pensar que atores e atrizes são
importantes e saber que quem está por trás das câmeras - pessoas envolvidas em diversas etapas da produção -, são tão importantes quanto os belos rostinhos que aparecerão nas telonas.

Na minha modesta opinião, acho um encanto o trabalho dos roteiristas, responsáveis por frases inesquecíveis, que são ditas por nossos astros prediletos. Mas a inspiração deste post veio de um e-mail que recebi de um amigo hoje. O tal e-mail era sobre uma lista que uma revista americana divulgou, com as 50 músicas mais fossas da história. Tudo bem que ficaram de fora milhares de canções né, mas isso me fez lembrar de músicas marcantes de filmes. Já parou pra imaginar aquela cena de amor sem uma canção? Ou a parte mais triste de um filme sem a trilha de fundo? Pois é minha gente, a trilha sonora literalmente dá o tom (trocadilho infame) às produções.

Vamos ver ou ouvir (se tiverem oportunidade) algumas músicas "corta pulsos" como eu gosto de chamar. Aquelas doídas, calda de açúcar mesmo que embalam nossos filmes românticos... ai, ai, ai.

Corta-pulsos ...

... Tally Atwater e Warren Justice (Michelle Pfeiffer e Robert Redford) em Íntimo & Pessoal (Up Close and Personal, EUA, 1996) naquele fim de semana sen-sa-cio-nal com direito a banho de sol na canoa e tudo mais sem a inesquecível Because you loved, interpretada por Celine Dion. Consegue imaginar? Impossível galera.

Buááááááááá...

... momento vaso de cêramica em Ghost (Ghost , EUA, 1990), Sam (Patrick Swayze) e Molly (Demi Moore) no maior love sem aquele sonzinho " Oh, my loooove... my darling...I´m longing for your touch!". O filme não seria o mesmo! E me diz aí quem é o ser vivente que não se lembra desse filme ao ouvir Unchained Melody, do Righteous Brothers ???

Quero um desses pra mim...

... she maybe the face I can´t forget, a trace of pleasure or regret. May be my treasure or the price I have to pay... a música toda é um poema, imaginem acompanhando o desenrolar do romance entre Anna Scott (Julia Roberts) e William Thacker (Hugh Grant), em Um lugar chamado Notting Hill (Notting Hill, Inglaterra, 1999), no charmoso bairro londrino que dá nome ao filme. Elvis Costello arrasa nessa canção!

Câmera lenta, coração disparado...

... e a Whitney gritando: And I, will always love you...

Não exististiria O Guarda Costas (The Bodyguard, EUA, 1992) sem essa música. A pop star Rachel Marron (Whitney Houston) pintando e bordando com o metido a durão Frank Farmer (Kevin Costner) até, of course, cair de amores pelo moço. Tudo isso embalado por diversas canções da própria Whitney, incluindo o hino I will always love you. Quem aí nunca arriscou ela num karaokê???

Ai o Tom...

... em seus tempos áureos como Pete Mitchell, dando umas beijocas na instrutora mais velha, Charlotte (Kelly McGillis), e a gente sofrendo do outro lado da tela ouvindo take my breath away, interpretada por Berlin, e rezando pra alguém vir e "teika nosso breath away mesmo". Essa dispensa maiores comentários.

Claro que se eu for listar todas as minhas trilhas de fossa, nem em três vidas eu conseguiria. Mas a gente faz assim, mandem sugestões que faremos um apanhado de outras músicas. Já pensei até no título: Fossa Music - o Retorno.

beijos



2 de abril de 2009

Dos Quadrinhos para o Cinema

E com vocês,mais uma participação especial, desta vez de um amigo muito querido que é alucinado por quadrinhos!

Nos últimos oito anos, filmes com personagens de histórias em quadrinhos têm pipocado nas salas de cinema (não resisti ao trocadilho) e revelaram ser uma mina de ouro para os estúdios. E eu, Nerd convicto que sou, tive a honra de ser convidado por essas duas flores de laranjeira para falar um pouco da ligação entre a sétima e a nona arte. Para isso fiz uma pequena lista com as cinco adaptações que realmente se tornaram bons filmes.


5- O Corvo - (The Crow, 1994): O Corvo conta a história do roqueiro Eric Draven, vivido pelo ótimo Brandon Lee, assassinado junto com sua namorada Shelly, que volta dos mortos após um corvo pousar em sua sepultura na noite do Halloween e passar a acompanhá-lo desde então para vingar a morte de sua amada (e a sua própria também, lógico) pela gangue de Top Dollar, um figurão do crime de Los Angeles que também é envolvido com magia negra.

O Gibi

Pouca gente sabe, mas o personagem foi criado por James O’Barr em 1978 (e publicado pela primeira vez só dez anos mais tarde) como forma de amenizar a dor da perda de sua namorada, atropelada por um motorista que dirigia embriagado.
Nessa época, com o surgimento de bandas como Joy Division e Bauhauss, o mundo conheceu o Rock Gótico, que definiu o ambiente das histórias do Corvo. Aliás, o visual do personagem foi inspirado no guitarrista do Bauhauss, Daniel Ash. Infelizmente, a tragédia é tão inerente ao personagem que não se limitou ao criador e ao personagem. Foi durante as filmagens de O Corvo que Brandon Lee foi baleado por acidente e morreu. Em circunstâncias que ainda não foram totalmente explicadas.

4- Homem – Aranha - (Spider – Man, 2001): Esse acho que todo mundo conhece. Depois de ser picado por uma aranha geneticamente alterada o jovem Peter Parker recebe os poderes do aracnídeo (incluindo a capacidade de produzir teias nos pulsos) e, depois da morte de seu tio Bem, começa a dividir sua vida entre os estudos e as aventuras na pele do Espetacular Homem – Aranha e pra ganhar uma grana ele ainda vende as fotos de seus feitos heróicos para o jornal Clarim Diário.
Claro que como todo herói que se preze precisa de um vilão, aqui bem representado por Willem Dafoe, que além de ter a cara mais assustadora de Hollywood deu vida a Norman Osborn, um homem de negócios que é capaz de abrir de qualquer coisa para satisfazer suas ambições, incluindo ignorar o filho Harry (James Franco), melhor amigo de Peter Parker e tornar-se o Duende Verde, maior inimigo do Homem – Aranha; e de um interesse romântico, no caso Mary Jane (Kirsten Dunst).

O Gibi

O filme do Aranha é um bom exemplo de que o filme não precisa ser totalmente fiel à HQ para ser bom. Mas peraí...Se todos os personagens importantes como o editor do Clarim Diário J.Jonah Jameson a Tia May e etc. estão ali e, principalmente, são incrivelmente parecidos com os do gibi como não é fiel? Simples. Além de incluírem algumas alterações como a teia orgânica (no gibi ele usa lançadores mecânicos no pulso) que deram convulsões nos fãs xiitas, toda a cronologia do personagem foi ignorada pelo diretor (Sam Raimi). Por exemplo, a cena final na ponte Queensboro foi inspirada em uma das histórias mais famosas do Aranha, onde no lugar de Mary Jane está Gwen Stacy, primeira namorada de Peter Parker que ao contrário da ruiva morre ao ser atirada da ponte pelo Duende. Este por sua vez encontra seu fim da mesma forma da HQ, morto pelo próprio planador. Ou seja, contou a história do Homem – Aranha como ele gostaria que ela fosse e com os personagens que ele achou importantes de fato. E ficou muito bom!

3- X-Men 2 - (X2, 2003): Graças ao diretor Bryan Singer acredito que hoje não exista uma única pessoa no mundo que não saiba quem é Wolverine (Hugh Jackman que o diga!). Mas vamos a uma apresentação básica: os X-Men são um grupo de jovens reunidos pelo professor Charles Xavier (Patrick Stewart no papel que ele nasceu para fazer) em sua escola que representam o próximo passo da evolução humana e aprendem a usar seus fantásticos e variados poderes em prol das duas raças, o que inclui confrontos periódicos com o terrorista Magneto (Sir Ian Mackellen) que luta pela supremacia da raça mutante. Não que eu não goste do primeiro, pelo contrário eu adoro, mas no mais ele fica nisso mesmo, apresentando os personagens.
Nesse segundo o bicho pega e os alunos de Xavier são obrigados a lutar com uma divisão do exército americano que controla mutantes e ainda por cima tem uma ligação mais do que íntima com o membro mais carismático da equipe, Wolverine.

O Gibi

Aqui o que aconteceu foi o contrário. A idéia de colocar Ciclope, Jean e cia (e não apenas Wolverine) contra os soldados da Arma X foi tão boa que foi adaptada para os quadrinhos. Com alguns personagens a mais, obviamente como o Fera e o Fanático. Mas o ataque à mansão foi bem parecido com que vimos na tela, mas sem a participação de Logan. Por coincidência – ou não – esse arco de histórias foi publicado no Brasil na época do lançamento do primeiro filme.

2 – Superman – O Filme - (Superman, 1978): Mais um que dispensa apresentações. Jonathan e Martha Kent, um humilde casal de fazendeiros encontra uma pequena nave no meio do milharal. Lá dentro uma menino que aparenta ter uns quatro anos de idade...Mas que levanta a caminhonete de Jonathan como se fosse papel! Os dois decidem adotar o garoto e lhe dão o nome de Clark. Ele cresce..Descobre ser o último sobrevivente do planeta Krypton, que possui poderes que nenhum outro humano poderia sonhar e simplesmente se torna o maior herói que o mundo já viu! Tudo isso com as interpretações épicas dos saudosos Cristopher Reeve e Marlon Brando (Superman / Clark Kent e Jor-el, respectivamente). Como existe a regra de que deve haver um vilão, nós temos um também. E não se trata de um vilão qualquer, mas sim de um dos maiores vilões das histórias em quadrinhos: o maquiavélico Lex Luthor (vivido por Gene Hackman).

O Gibi

Quase nada foi mudado. A explosão do planeta Krypton, a Fortaleza da Solidão...Nada foi esquecido! Levou 40 anos para o Superman chegar à telona, mas eles conseguiram se manter fiéis a toda mitologia do personagem. Palmas para o diretor Richard Donner! Mas acredito que 90% dessa fidelidade se deva ao fato de gente competente como Mario Puzo (um dos homens por trás de O Poderoso Chefão) comandar os roteiros com palpites de Jerry Siegel e Joe Shuster, os criadores do personagem. A única diferença entre esse filme e os quadrinhos é que nos gibis Clark não perde o pai. Jonathan e Martha Kent são vivos até hoje, ainda moram em Smallville, que como o próprio nome já diz é uma pequena cidade no Kansas e recebem constantemente a visita do filho entre uma vez ou outra que ele salva o mundo ou mesmo o Universo.

1 – Batman - O Cavaleiro das Trevas - (The Dark Knight, 2008): A segunda aventura do Morcegão depois do reinicio da franquia (com o excelente Batman Begins de 2005) trouxe um herói mais confiante, mas não por isso menos sombrio, que se vê face a face com seu pior inimigo: um psicopata frio, inteligente e perigosamente louco conhecido apenas como Coringa (o Oscar de Heath Ledger como Melhor Ator Coadjuvante fala por si só) em sua cruzada para limpar as ruas da corrupta Gotham City. Dessa vez Batman (Christian Bale o melhor Bruce Wayne de todos os tempos) e o Tenente James Gordon (o ótimo Gary Oldman) contam com a ajuda do nobre Promotor Público Harvey Dent (Aaron Eckhart). Mas até que ponto eles poderão segurar a insanidade do Coringa?

O Gibi

Se a inspiração para Batman Begins foi claramente a HQ Batman Ano Um escrita e desenhada por Frank Miller, aqui nós temos uma mistura de O Homem Que Ri do Ed Brubaker e A Piada Mortal de Alan Moore que individualmente já são sensacionais. Os dois primeiros filmes de Tim Burton são bons, mas se teve um diretor que finalmente entendeu o Batman é Christopher Nolan. E nessa seqüência, além de nos fazer mergulhar um pouco mais na mente do garoto que se transformou no seu maior medo para apavorar os criminosos, Nolan lembrou que o nome Batman também remete a nós, os fãs de HQ’s, ao maior detetive do mundo. Soma-se esse detalhe a um roteiro impecável e ótimas interpretações e nós temos o número um da nossa lista.

Claro, estão faltando alguns outros filmes baseados em quadrinhos que são realmente muito bons, mas estes cinco são os divisores de águas. Tudo que veio depois repete, pelo menos em parte, as tendências lançadas por eles.

Em breve eu volto com as cinco piores adaptações de quadrinhos para o cinema.

Até lá!

Observação da Leila:

Esse post foi escrito por Carlos Eduardo Bazela Não havia ninguém melhor para falar sobre HQs que ele, o cara respira isso! O blog dele está entre os nosso prediletos, " blog do gibi" procure lá! O Carlinhos é gente boníssima e assustadoramente inteligente. E sim, ele é nerd! Quem gostou bata palmas !!
carlos_bazela@hotmail.com